Durante os meus 68
anos de idade, sempre fui muito frontal e sincero, procurando ser específico em
tudo o que faço e em tudo que digo. Filho de uma das famílias mais pobres da
minha aldeia – o Alcaide – situada na encosta Norte da serra da Gardunha, na
região da Cova da Beira, irmão de mais 6 criaturas – 4 rapazes e duas raparigas
– onde os meus olhos só “viram” o 1º par de botas nos meus pés, aos 11 anos,
idade em que completei o “mestrado” (?) final do exame da 4ª classe.
E, pela fartura da miséria que nos
rodeava, abundante e permanente durante toda a minha infância, por ali fiquei
porque não me poderia dar ao luxo de me “desviar do caminho” trilhado pelos meus
irmãos mais velhos que, tal como eu,
cedo tiveram que deitar “mãos á obra” para ajudar no sustento de todos nós.
Aqui, poder-se-á perguntar que, no meu caso, com aquela idade, que “raio de ajuda” é que o “ serviço” dos ossos mal formados ainda, de
uns braços a acabar de crescer, poderiam dar para o sustendo familiar.
É! Assim seria se assim
tivesse sido!
O facto é que,
findo o exame da 4ª classe e… perante a minha recusa de não querer entrar para
um seminário – a conselho de uma garota com a qual, a miúdo, costumava brincar "aos meninos" - não tive outro remédio que “alinhar” e ir dar serventia a pedreiros
lá da minha aldeia, juntando o “pouco” que ganhava aos outros “muito poucos” de
todos os meus irmãos mais velhos, para que, no conjunto geral, fosse um “pouco", pouco menos
já que, na realidade, “muito” nunca foi.
Aos 14 anos, parti “pro
mundo” como "embaixador da pobreza," começando pela grande urbe lisboeta seguido de...Algarve, Viana do Castelo e, dali,
para o serviço militar, acabando por me juntar aos milhares de outros meus
concidadãos em África, na guerra das colónias. Ali, fiquei após cumprida a minha
comissão de serviço obrigatório - longa história, cuja descrição deixarei para
outra ocasião – e após travessia do Atlântico, acabei por vir parar onde me
encontro hoje ainda, poucos dias a mais dos já passados 30 anos, completados a
31 de Dezembro de 2012.
Porque fiquei em África? Pois...a realidade foi que, ali chegado, deparei com uma "pobreza ainda muito maior que a minha e, então pensei., dizendo para mim mesmo.."Oh Mário...afinal tu não és tão pobre como aparentas! Olha á tua volta e em frente do teu nariz...e repara na pobreza desta gente toda!" Tu, se ficares aqui, vais ver que a tua pobreza fica muito mais disfarçada...não se notando tanto como lá no teu cantinho, em Portugal!. Assim foi. Por ali fiquei cerca de 14 e 1/2.
Porque fiquei em África? Pois...a realidade foi que, ali chegado, deparei com uma "pobreza ainda muito maior que a minha e, então pensei., dizendo para mim mesmo.."Oh Mário...afinal tu não és tão pobre como aparentas! Olha á tua volta e em frente do teu nariz...e repara na pobreza desta gente toda!" Tu, se ficares aqui, vais ver que a tua pobreza fica muito mais disfarçada...não se notando tanto como lá no teu cantinho, em Portugal!. Assim foi. Por ali fiquei cerca de 14 e 1/2.
Aqui, penso ser
oportuno frisar que, aqui chegado, troquei o “mestrado” (?) da 4ª classe pelo GED,
mais até por uma questão de “brio próprio” do que propriamente por necessidade
na procura de trabalho… “coisa” que, ao contrário de muitos outros, nunca me
faltou. Reparem bem que, não digo “graças a Deus” por uma questão de desilusão
com o dito, motivado por tudo o que de injusto já me foi dado ver ao cimo da
terra. Neste ponto, respeito tudo e todos mas, concentro a minha mente desobstruida e fixa, na
realidade da vida.
Entretanto, e por
sempre ter sido um tanto ou quanto ambicioso, tanto aqui como em África, onde
cheguei a ter 7 locais de negócios no ramo de “comes e bebes”, decidi
“educar-me” numa variedade de temas profissionais – seguros e imobiliária principalmente – a
par do emprego fixo ao serviço de um governo estrangeiro (Alemão) em Washington DC.
Foi ali que, a um
certo ponto, decidi começar a escrever algo que, á priori, francamente falando,
não fazia ideia alguma do que seria. Foi ali também que, pouco a pouco fui
colocando as ideias em ordem e, finalmente… ”buuuum”… saiu o meu primeiro livro
intitulado “PALAVARS DE UM DEFUNTO,
ANTES DE O SER”, já lançado em Portugal, pela prestigiada editora do
Chiado.
É um livro
complexo, com descrição de vários episódios - fictícios alguns e, factuais
outros - cheios de enredo e suspense que, no meu ponto de vista, nada nem
ninguém diria que poderia ser aceite para ser publicado. Só eu, por teimosia ou
“inocência literária” é que acreditava que iria ser.
E foi! O resto é conversa!
Entretanto, comecei
a escrever outro livro – este de poesia – e, mais uma vez, decidi não seguir as
regras habituais neste “meandros” pelo que, como amostra, está o facto de
decidir fazer uma espécie de “introdução” a alguns dos meus poemas por considerar que - honestamente falando - sem essa introdução, creio que ficariam incompletos.
Deste modo, perante
estas “propositadas contradições” pela forma como me aproximei á escrita,
contrariando a “normalidade”, com expressões quiçá ingénuas mas muito sinceras,
tenho que dizer que, na minha forma de escrever - seja o que seja - procuro dar um enfase para justificar a razão da
existência daquilo que escrevo e, neste caso específico, é como que “dar vida”
a alguns dos poemas que escrevo.
Com
esta minha aproximação, além de tentar escrever o melhor que sei ou o melhor
que a inspiração do momento me permite, procuro que o leitor tenha uma “ajuda” de suporte para uma melhor
compreensão da existência do poema em questão. A isto, como já mencionei, eu
chamo-lhe ”dar vida” ao poema.
Obviamente, nem
todos carecem de tal referência de introdução mas, a verdade é que, alguns, se
não a tiverem, sinceramente acredito que poderão não ser bem decifrados e
compreendidos porque, ao escrever só por si mesmo - sem a introdução - o “conteúdo” fica
ali (aqui) “dependurado” á
imaginação do leitor que, por muito perspicaz que possa ser… poderá não
interpretar cabalmente o significado “escondido” por detrás do mesmo. Daí a
minha aproximação para, sempre que seja recomendável e apropriado, fazer uma
pré-referência, com a intenção já referida. Ou seja; Dar vida ao poema!
Assim, aqui
chegado, a começar pelo primeiro, cuja origem remonta aos tempos da guerra nas
colónias, o mesmo é baseado na experiência que tive durante a minha comissão de
serviço como 1º cabo da messe de oficiais da Força Aérea em Bissau, (Guiné)
entre Maio de 1967 e Dezembro de 1968, quando, nos meus afazeres diários,
deparei com uma “bajuda” (*) guineense de rara beleza – linda como o Sol!
Foi ali que, na
minha situação de “solteiro” e perante aquela beldade, meu coração “acelerava”
a cada passo que ela dava na minha direcção, quando entrava no recinto da messe
com uma marmita na mão e um largo sorriso no rosto, deixando a descoberto duas
fileiras de dentes branquíssimos que… “quais
pérolas de marfim em exposição ou qual quê”!
Convém referir que,
na ocasião, várias famílias de oficiais dos 3 ramos das Forças Armadas, mais
afortunados que outros, tinham o privilégios de viverem espalhados pela cidade
de Bissau - enquanto outros estava na frente de batalha - tendo ao seu serviço
algumas garotas e garotos como empregados domésticos, incluindo a “bajuda” em
questão, chamada Rosa “qualquer coisa” que não recordo. Sinceramente, espero
que esta informação possa ajudar a compreender melhor a razão deste poema e, dito
isto, vamos ao 1º poema.
Nota: (*) - Bajuda, em crioulo da Guiné,
significa garota.
(Por:
Mário Tito)
(Mote)
I
Por
detrás deste poema
Está
uma linda morena,
Cuja
elegância me seduzia
Dentes…
“pérolas” de marfim
Causando
um impacto em mim
Perturbando-me…
quando a via!
II
De
“ebónica” pele, que reluzia
Cintilando
ao Sol, durante o dia
Era
tudo, aquilo que eu queria
A
cada momento de fantasia
O
corpo dela, que eu só via!
III
Rosa,
a bajuda da marmita
De
melancólico olhar mas… muito bonita
Sorrindo
amplamente, sem fazer fita
Elegante,
desenvolta, toda catita
Como
era linda, a bajuda da marmita!
IV
Às
horas do almoço ou do jantar
Lá
vinha ela, elegantemente a caminhar
De
marmita na mão, para nela carregar
O
sustento de alguém, que estava a esperar
Que
ela voltasse, sem muito tardar!
V
Era
linda, a bajuda – Rosa - de nome seu
Seu
corpo esbelto, queria que fosse meu
Sempre
alegre…até que, um dia sucedeu
Não
querendo dizer o que lhe aconteceu
Ela,
chorando, um beijo na face me deu!
VI
Foi
só isso e nada mais...
Não
apareceu jamais!
VII
Até
que, nove meses ou oito e meio?
Um
“mulatinho” ao mundo veio
E,
não sendo meu, um tal anseio…
Que,
quisera eu, estar pelo meio
Mas
era tarde, para tal devaneio!
VIII
Tive
pena dela, a bajuda da marmita, a tremer
Que,
quiçá, sem ela querer
A
seu “amo”, teve que se submeter
Por
medo, ou algo que não quisera dizer
Mas,
fosse o que fosse, teve que ser!
IX
Eu,
era eu…o Cabo da Messe!
Ela,
era ela…Rosa, a “bajuda da marmita”!
Fim!
***
O Poema
seguinte, é baseado numa “queda amorosa”,
tida por uma garota da minha aldeia quando eu era jovem. Aconteceu que, a um
certo ponto, ela desapareceu da minha vista para sempre embora nunca tivesse
“desaparecido” do meu pensamento.
Note o leitor que,
o 2º, 3º e 4º poemas seguintes - “PENSANDO, PENSEI”, “CONFESSO” E “GAROTA DO
ALCAIDE” estão intimamente ligados ao que segue - “AMOR INCONFESSADO” – como
uma espécie de suplemento, de modo a dar m pouco mais de enfase á realidade do
tema básico em questão. Espero que compreendam.
AMOR
INCONFESSADO
(Por: Mário Tito)
I
Quando via aquela garota
Marota
De olhar traquina
Que me cegava, por tão rabina
Seu olhar… “quase me chamava”
De pele trigueira e morena
De tamanho, era pequena
Mas, grande brilho nos olhos
Profundos e negros
Como a cor de seus cabelos
Voando no ar, ao vento
Todo o tempo
Enquanto-que, meu coração
Saltitando, sofrendo
Batendo
Apressadamente
Fervente
Para, meus olhos regalar
Tentando, avidamente
Sempre...
Para, com “ela” me encontrar!
II
Mas, chegado o momento
Estivesse, como estivesse o tempo
Falho de ideias e de palavras
Quando tentava eu falar
Ao, com ela me cruzar
Com minha face ardente
Muito quente
De repente
Sem saber bem o porquê…
Deixando-me assim
A “sua mercê”
Ela, desviando-se
Sorrindo, sorrateira
E de que maneira
Esguia
Como uma enguia
Furtiva, mas muito bela!
De
que beleza era a dela (?)
Fugindo do meu alcance
Pondo duvidas, assim
Ao meu “solo” romance
Que eu sonhava em fantasia
Vinte e quatro horas, talvez, por dia
Nela, sempre a pensar
Que sim
Que era ELA
Aquela
Com quem eu queria casar!
III
Fosse ela o que fosse, mas que fosse Ela!
Porque, se só fosse uma miragem
Eu, não iria ter coragem
De poder vir a perdê-la
Quão importante era vê-la
A Ela, morena
Pequena
Alegre como a alegria
Galante
E, muito radiante!
Quase como a luz do Sol
Aquela que eu queria
Noite e dia
Que fosse minha eterna amante
Aquela que eu precisava de ter
Que…
Tal, como a luz do Sol,
Cega
Mas precisa-se dela
Para se viver!
IV
Que fosse ela
Aquela
De caminhar airoso
Com “bamboleio” jocoso
Diria até, um tanto ou quanto vaidoso
Talvez, por saber que bela era
E que, “outros” como eu
Estavam à espera
Do “seu sim”, vir receber
E, eu, assim sem saber
Sonhando, mesmo acordado
Por
um amor inconfessado
Parti p’rá vida, p’ra qualquer lado
Outras paragens, outro destino
Deixando a “terra-berço de menino”
Perdendo-a a ELA e, outras coisas mais
Para jamais
Voltar a vê-la nos arraiais
Daqueles que, como tantos tais
De festas da terra, quando pequenino!
V
E, quer de noite quer de dia
Desde então, nunca a esqueci
Mas, como nunca mais a vi
Jà com o destino traçado
Virei-me pra outro lado
Encontrei outra companheira
Que amo, á minha maneira
Á qual, sempre quis e quererei
Mas que, sem saber o que fazer
Não querendo “fazê-la” sofrer
Dela, sempre escondi
O amor que, pela outra
Um dia senti!
Fim!
***
(Por: Mário Tito)
I
Se ela pensasse como eu
Teria um igual pensamento
O amor dela seria meu
E, o meu dela, cada momento!
II
Pensando, pensei também
O que pensar quando penso
Se, hei-de pensar sempre bem
Ou pensar coisas sem senso!
III
Sem senso, pensei não pensar
Pro pensamento… senso ter
Pensando bem., e não ao calhar
Para, o que pensar, possa ser!
IV
E, ao pensar assim pensei
Não pensar mais no passado
Não pensado NELA, por pensar
Que, com ela, outro esta casado!
Fim!
***
CONFESSO
(Por: Mário Tito)
I
Por detrás deste Poema
Está uma linda pequena
Que um dia, impactou meu coração
E que, desde então
Como nunca mais a vi
Tentei, mas nunca a esqueci
E… por não ser “uma” qualquer
De outro, hoje é mulher!
II
É pois, com todo o respeito
Sem um mínimo de despeito
Que confesso o meu sentimento
Cujo qual, nunca antes confessei
Dizendo, aos quatro sopros do vento
Aquilo que me vai por dentro
Que sim...um dia eu a amei!
III
Confesso aqui e agora
Que esta “paixão” de outrora
Me seguiu e segue todavia
Na penumbra da noite ou, à luz do dia
Sonhando com ela…
Mesmo que...em fantasia!
IV
Motivo deste Poema
O ter amado tanto esta pequena
Que perdi lá, num longe dia
Nem sei...que idade eu teria
Só sei que já lá vai muito tempo
E que, a cada momento,
Não sabendo se é sofrimento
Sem saber o que fazer
Sempre pensando...que
Ela podia ter sido minha!
Fim!
***
GARÔTA
DO ALCAIDE
(Por Mário Tito)
I
Do Alcaide era a pequena
Sua voz tenra e amena
Transbordando de alegria
Correndo, saltitando, quase todo o dia
Por caminhos e veredas
Encosta acima encosta abaixo
Chapinhando a água d’algum riacho
Que, acaso, o caminho cruzasse
De traquina, que ela era!
E...De repente
Sem se estar á espera
o cruzar-se com algum rapaz
Deitava um olhar, de nada fugaz
Como que, “chispas” de amor para dar
É que dela, tudo era de esperar!
II
Um “sim” (?) espontâneo que, por certo
Se veria a confirmar, ser incerto
A todo aquele que acreditasse
Que, uma tão linda donzela
Havendo poucas como ela
Era fácil de conquistar!
Tão rebelde, que ela era
Eu, e outros à sua espera
No vazio e na incerteza
Vingando-se com sua beleza
De meu coração atormentado
Que pobre de mim e “dele”, coitado
Que em silêncio sofria
Tanto de noite como de dia
Nela sempre a pensar!
IV
Do Alcaide era ela
Aquela linda donzela
Que, não sei bem o que ela tinha
Ao encher meu coração
De uma falsa ilusão
Que… na incerteza me mantinha
Pensando eu, sempre pensado
Acordado ou mesmo sonhando
Que…o melhor seria resignar
Para não continuar a querer
Iludido e a sofrer
Porque, o pobre do meu coração
Não aguentaria a desilusão
Se ela, um dia, não fosse minha!
Fim!
**
O tema, do poema seguinte, é baseado nos
pontos principais do 1º poema – “Rosa, a bajuda da armita” e no 2º – “Amor
inconfessado” - conforme se poderá depreender na sua leitura. O 1º, por invocar
a “cor” o que, na realidade, quando se ama uma outra pessoa, tanto a cor da
pele como a religião, não deve ser impedimento algum. O 2º, invoca um “Amor
inconfessado” que, aqui, é disfarçado como “Amor do meu passado” na frase final,
porque, entretanto a minha mulher descobriu-me “a careca” e, como tal, o que
era até ali “inconfessado” deixou de o ser porque ela ficou a saber. Daí a mudança
de título.
(Poema Canção)
QUANDO
SE ANDA DE AMORES
(Por Mário Tito)
I
Quando se anda de amores
Não se deve olhar a cores
Nem tão-pouco, á religião!
Deve, respeitar-se o sentimento
Daquilo que nos vai por dentro
Porque, quem manda é o coração!
II
Ele, é rei entre os senhores
Quando ELE anda de amores
Não se deve contradizer!
Ele ama á sua maneira
E queira a gente ou não queira
Não há nada que fazer!
III
Melhor, deixá-lo tranquilo
P’ra que, não venha com aquilo
De ser.um fracassado!
Porque, se ele sofre, também sofro eu
Faça o mesmo com o seu
P’ra não ter um mau bocado!
IV
Contrariá-lo, é perigoso
Porque ele, às vezes é manhoso
Dizendo que, tem muitas dores!
E, seja verdade ou não
Diz que é um pobre coração
E que está morrendo de amores!
V
Na trama dele, eu não vou
Não quero ser como sou
Como ele, um fracassado!
Eu só quero, arrancar de meu coração
Custe-me a vida ou não
Este amor do meu Passado
Fim!
***
O poema seguinte, conforme refiro antes, a
minha mulher descobriu os versos da canção anterior e começou a fazer cenas de
ciúmes, tentando saber quem seria “o
amor inconfessado”. Por isso, decidi dedicar-lhe o poema seguinte. Na
verdade, inicialmente, a frase final do poema anterior era…”AMOR INCONFESSADO”
que, como é lógico, deixou de o ser, após a descoberta feita pela minha mulher.
Daí, a mudança para “AMOR DO MEU PASSADO”.
QUEZILIAS
DA VIDA
(Um poema á minha mulher)
(Por: Mário Tito)
I
Nossos problemas não são
Os versos desta cancão
Que escrevi, há muito tempo
Sobre alguém, na minha vida
De uma ilusão sentida
Que ocupou meu pensamento!
II
Garota da minha aldeia
Alegre, como casa cheia
Que me encheu de ilusão
Sem nunca lhe ter tocado
Me seguiu por todo o lado...
Dento do meu coração!
III
Nossos problemas são normais
Acontece a todos os casais
Entre todo aquele que se ama
Amor que não tem espinhos
Nunca encontra os caminhos
Mesmo que tente, sempre se engana!
IV
Quezílias da nossa vida
Esta paixão sentida
Que, tantos anos jà lá vão
Gostava que ficasse por aqui
Não posso viver sem ti
Quero que perdoes meu coração!
Fim!
***
"MOSSA"
AMOROSA
(Por: Mário Tito)
I
Quando eu era pequenino
Irrequieto e traquino
Cheio de ilusões e alegria
Encontrei uma garota
Bonacheira e marota
Que me "cegava", quando a via!
II
Era algo, muito estranho
Que, apesar do meu tamanho
Se transformou com o tempo
Aumentando de intensidade
Acompanhando a minha idade
Sempre no meu pensamento!
III
Conheci-a quando pequena
Cabelo negro e, pele morena
Transbordando de alegria
Meu coração acelerava
Quando por ela eu passava
Tanto á noite como de dia!
IV
Catorze(?) - quinze anos, teria eu
Quando e como aconteceu
Não saberia… eu confirmar
Só sei que, meu coração sofria
Quando, a procurava, e não a via
Porque, tinha ido p’ra outro lugar!
V
Nem o endereço dela, eu tinha
Para lhe enviar uma cartinha
Ansiava eu, com muito fervor
Silencioso, quanto me custava…
Não a ter, por minha amada…
Recebendo dela, o seu amor!
Fim!
***
AMOR,
NÃ0 É PAIXÃO
(Por: Mário Tito)
I
O amor, tem o que se lhe diga
Na sua face escondida,
Comandado pelo coração
Não devemos confundir
Entre “amar e exigir”
Porque, exigindo, já é paixão!
II
Quem ama, perdoa sempre
Continuando, na sua mente
A amar, quem sempre amou
Mesmo que seja abandonado
Aceitará o resultado
Que o destino lhe ditou!
III
Amar, não é ter ciúmes
Nem queixinhas ou queixumes
Porque, o passado passou
E, quando assim acontece
Deseja o melhor que merece
Á pessoa que o abandonou!
IV
Não é ficar com rancor
Fazendo jus ao amor
Que do passado ficou
Não se pode nem deve forçar
Que de nós venha a gostar
Quem de nós nunca gostou!
V
O amor, é algo sublime
Quem o recebe, que o estime
E que tente corresponder
Ser amado, não é qualquer
Seja homem ou mulher
Deve saber receber!
VI
Quantas vezes se aguenta,
Uma paixão violenta
Porque, de amor nada tem
Por isso, quem for amado
Que pondere um bocado
Porque, só lhe irá fazer bem!
VII
Desejar ao ser amado
O melhor por todo lado,
Se, acaso, ele ou ela, partir
Embora vá sentir dor
Pela perca do seu amor
Vai ver que… em paz se sentir!...
Fim!
***
PENSAMENTOS
POSITIVOS
(Por: Mário Tito)
I
Quando digo o que penso
Penso SEMPRE o que digo
Ao expressar, meu pensamento
Quero ser, honesto comigo!
II
Pensado, pensei que pensava
Pensamentos positivos
Quando dei por mim, eu estava
A pensar nos meus amigos!
III
Amigos que penso, pensarem
Pensamentos semelhantes
Doutro forma, melhor não estarem
Com pensamentos “ignorantes”!
IV
Ignorantes, e sem clareza
Naquilo que dizem sentir
Dizendo-se amigos, sem a certeza
Na amizade, que ainda está p’ra vir!
V
Quando falo, sei o que digo
Porque o que digo é o que sei
Falar “no ar”, não é comigo
Sempre a verdade eu direi!
VI
Doa, a quem tenha que doer
Porque, a dor também faz falta
Doutra forma, ninguém vai saber
Quanto, no mundo sofre, muita malta!
Fim!
***
O poema seguinte, teve origem no início de
2008, aquando os “abutres das finanças” – mais uma ez - causaram o descalabro
económico conhecido de todos. Daí que, por me parecer um tema da actualidade,
considero-o merecedor de ser dado a conhecer.
OS
ABUTRES DAS FINANÇAS
(Por: Mário Tito)
I
Quando o Sol se esconder
No crepúsculo mítico, de mil cores
Na azáfama de seus afazeres
Limpam, os pobres os suores
De uma longa e serôdia tarde
Ou de uma manhã, temporã
Rejuvenescendo anseios, nobres
Numa noite mais, de fantasia
Sonhando por um outro, melhor dia
No alvorecer novo, do amanhã!
II
Não sabem eles, pobres-coitados
Que, tanto os vampiros “da vida”
Como os vampiros “da noite”
Juntos, com os abutres do amanhã
Uns, de dentes e unhas aferradas
Outros, de afiado olfacto, que eu bem sei
Limando as garras, para mais afiadas
ficarem
Para, sem contemplação devorarem
Qualquer pobre, por muito inocente que seja
Não importando como, e quem o veja
Deixando-o, assim, ou mais como eu
Que, se pobre era, mais pobre fiquei!
III
Repito o que jà repeti
Muitas vezes, noutras ocasiões
Que, perante tais galifões
Muita cautela se deve ter
Porque, a que se tiver pode ser pouca
Perante tal saciedade, bruta e louca
De tais abutres vociferozes
Que, á falta de altas vozes
Ou, à falta de forte acção
Não recuam, em roubar aos pobres
Sem rancor, e sem coração
De avareza grande, e, consciência pouca!
IV
Fuzilados, deveriam ser todos
Sem dó e sem piedade
Para limpar a sociedade
De tal corja, imunda e pestilenta
Cuja qual, o povo aguenta
Por, pacífico, pensar que não pode
Lutar contra tal pagode
Que o Governo protege e sustenta
Talvez, por “dele” fazerem parte
Alguns dos ladrões, que com arte
O povo roubam, em acção nojenta!
Fim!
***
INDO
ALGUÉM A ENTERRAR
(Por: Mário Tito)
I
Indo alguém, a enterrar
Começou a espernear
Na escuridão do ataúde
Fraco artista, de porca arte
Que, por lorpa, teve um enfarte
De suja vida, mas com saúde!
II
Corcunda e vesgo de um ôlho
Pelada cabeça, como um repolho
De, baboseiras, muitas a fio
Nunca se viu a trabalhar
Não ganhava p’ra fumar
Mas, p´ra comer, era um desvario!
III
De repente, abre-se a tampa do caixão
Donde sai um figurão
Blasfemando e “grunhindo”
“Andai cá meus cabrões
Quero apertar-vos os colhões
A começar pelo do pé-coxinho!
IV
Em pânico entram, os que o carregavam
Correndo rápido, que mal falavam
Largando o caixão, quando fugindo
Mas, um deles que era coxo
De aterrado, fica como roxo
Atrasando-se, devido ao pé-coxinho!
V
Chorava o pobre, pela sua sorte
Fugindo dum morto ou de certa morte
Que o moribundo lhe podia dar
Pensava ele, com frenesim
Que estava chegado o seu fim
Só, porque rápido, não podia andar!
Fim!
***
CALHAUS:
Por: Mário Tito
I
Há-os…
Que, toscamente evoluíram
Que apresentam, certa arte
Naturais ou pretensiosos
Que, nasceram defeituosos
Que, assim ficaram com o tempo
Com tal aspecto que, os lamento
Que têm um brilho, que cega
Sem brilho algum e opacos
Gorduchos, que parecem sacos
Que, nunca prestaram nem prestarão
Na Europa, Africa e Oceânia
Na Ásia, Améria Central, Norte e Sul
De várias cores, incluindo o azul
Na Antártica e no Polo-Norte
Que, são encontrados por sorte
Que dão “azar” quando se encontram
Machos, mistos e fêmeas
Há-os de todos os calibres
Com mais “quilates” que outros…por fora…
Mas, todos “ocos” por dentro!
II
Há-os…
Que, com o tempo, são mais ainda
Perdendo valor, muitos deles
Ganhando ridículo, muitos outros!
Que pensam que não são
Que nem pensar sabem
De cerrada barba, por fazer
De esmerada barba feita
Que servem de suporte a outros
Em toda a parte onde existam pedras
Bem polidos, ou menos tal
Em bruto, ou algo quase igual
Aqui, além e por todo o lado
Pobre, rico e remediado
De Norte a Sul de Portugal!
III
Há-os…
Em toda a parte, onde homens houver
Toscos por fora, alguns deles
Toscos por dentro, muitos outros
Engravatados e, de alva camisa
Laminados e por laminar
Vesgos, cegos e aleijados
Mais por dentro do que por fora
Carecas e encabelados
Corcundas e desempenado
Rufias e aldrabões
Dispersos e aos montões
Que não sabem que o são
Que são, e insistem não o ser
Em todas as profissões!
Alfaiates, empresários e tecelões
IV
Há-os…
Desde choferes a maquinistas
Engenheiros, locutores e dentistas
Cozinheiros, taberneiros e outros tais
Uns menos toscos, outros muito mais
Alguns activos, outros inertes
Tipo bravos e tipo mansinhos
Parecendo “touros ou cordeirinhos”
Religiosos e ateus
Cristãos e judeus
Muçulmanos e budistas
Há-os…em todas as religiões
Uns que são mesmo fanáticos
Alguns, que são menos devotos
Outros, que só sabem dar nas vistas
Que são autênticos malabaristas
E, também os há…que são bons artistas!
V
Há-os…
Há-os em todas as forma e matizes
Professores, advogados e juízes
Que nunca nada fizeram, mas vivem
Os que morrem a trabalhar
Que o são, desde meninos
Que, aparentam não o ser, mas são
Que tentam não parecer, mas em vão
Que, dá pena que assim sejam
Invejosos e sem inveja
Gananciosos e trapaceiros
Desde doutores a pedreiros
Uns menos e outros mais
Banqueiros e… que sei eu mais!
VI
Há-os…
De papillon, engravatados e de folhos
Amiúdo, atacado e aos molhos
De voz grossa e, voz de falsete
Que, têm que dormir na rua
Que sempre dormiram em palacete
Que têm pouca vergonha
Que não têm vergonha alguma
Que não sabe o que isso é
Que, acreditam que são alguém, sem ser
Que sabem tudo, sem nada saber
Insistindo, afirmando, de finca-pé!
Que gostam muito de se exibir
De façanhas que só dá p’ra rir
Que têm pouca dimensão
De têm dimensão massiva
Que aparentam ser polidos
De várias cores e feitios
Já minados e por minar
Nos ribeiros, riachos e rios
Uns á vista, outros escondidos
No deserto e, nas profundezas do mar!
VII
Há-os…
Que, se encontram facilmente
Que são difíceis de encontrar
Do lavrador ao dentista
Do veterinário ao oculista
Que, são exímios, na sua arte
Que nem de arte percebem
Que são artistas de merda
Que nem p’ra conversar servem
Que são gordos ao nascer
Que engordam, com o comer
Que são magrinhos desde nascença
Que enjoa, a sua presença
VIII
Há-os…
No governo e suas sucursais
Desde Soldados a generais
De Presidentes, secretários a ministros
Que vivem desafogados
Que vivem sempre aflitos
Que só vivem de mexericos
Com muito dinheiro e com pouco
Sem dinheiro qualquer algum
Que, com bons carros andam
Que, nem bicicleta têm
Que nem sabem falar, mas falam
Que, tentam falar bem, mas não sabem
Que nem sabem escrever
Que, se escreverem, serão gatafunhos
Que aparentam e cheiram a imundos
Que se vestem muito limpinhos
Que são alarves ao comer
Que são o que são, sem saber
Que andam de burro ou de cavalo
Por necessidade ou por “regalo”!
IX
Há-os…
Que são assim, assado e doutro modo
Muitos deles sem ter consciência
Para os quais, não tenho paciência porque…
Um calhau é um calhau de seu apodo!
X
Há-os…
Que, mesmo disfarçados, para que não
pareçam…
não conseguem deixar de ser!
XI
Há-os…
Que, por muito que se esforcem…será uma
causa perdida porque…
toscos nasceram e, toscos serão, toda a vida!
XII
Há-os…
Que são tudo o mais, menos não o ser…a tal
ponto que… s
e não houvesse calhaus…eles teriam que ser!
XIV
Há-os…
Que, sejam o que sejam, com eles eu não me
ralo…devido a que,
com calhaus eu não falo… porque…
(Música de fado…maestro)
Não quero gastar saliva
Com cérebros de serradura
De tristeza, vai-se-me a vida,
Com tanta falta de cultura!
Fim!
***
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