O que é um
calhau?
(Por: Mário Tito)
Numa manhã recente, não muito distante ao levantar-me, fui directo ao dicionário que mandei vir expressamente de Portugal, quando tive necessidade de corrigir o texto de um livro que escrevi - já publicado - porque, na verdade, como me encontro nos EUA e há muitos anos fora de Portgal, se bem que ainda conserve intacto o domínio do nosso idioma, o certo é que, há palavras que me são mais difíceis de "garantir" que estejam correctas.
Além disso, havia o facto que o meu teclado era local e, como tal, não tinha as mesmas características que um teclado europeu, com "ç~", ~,´,`,^, etc.ª. A razão para a consulta naquele dia, foi para me certicar a mim mesmo, por uma questão de querer confirmar o que tinha sonhado durante a noite.
Além disso, havia o facto que o meu teclado era local e, como tal, não tinha as mesmas características que um teclado europeu, com "ç~", ~,´,`,^, etc.ª. A razão para a consulta naquele dia, foi para me certicar a mim mesmo, por uma questão de querer confirmar o que tinha sonhado durante a noite.
Após consulta, fiquei perplexo pela fraca abundância descritiva do significado da palavara "CALHAU", origem do título deste blogue". Notei que, apesar de "tocar o tema”, fá-lo com pouca dimensão...atendendo á abundância de qualificantes que, na minha opinião, a mesma palavra poderá receber, considerando o enorme “universo” de possibilidades qualificativas, numa imensa lista de "TUDO" o que poderá ser considerado um “CALHAU”.
Como disse, fui imediatamente ver o dicionário que, como já disse, mandei vir directamente de Portugal - já que me encontro nos “States do Uncle Sam – roubados aos Índios - pesquisei o mesmo e deparei com a palavra em questão, na página nº 283 do dicionário da Língua Portuguesa de 2010, 2ªcoluna, referência 8, palavra – calhau.
Mas voltando ao tema:
Será que, na gíria popular da realidade da vida, não
haverá mais nada nem ninguém que possa reunir os qualificativos de merecer (?) ser considerado um calhau? Creio que sim!
Portanto, se um “calhau” é uma pedra…não
seria lógico que uma “pedra” fosse um calhau? Reparem na abundância de
descritivos sobre a “pedra”, em relação a “calhau”, encontrados depois de –
novamente – voltar a consultar o dicionário.
Esta sim…é mais “rica” em descritivos tal como segue:
- Página 1206 do mesmo dicionário, segunda coluna – ponto 10.
"Pedra": 1) substância dura e compacta que forma as rochas; 2) calhau;
3) peça de diversos jogos; 4) lápide de sepultura; lapa; 5) designação vulgar
de pedra preciosa; 6) granito: 7) medicina
(esta de medicina, não entendo o porquê…) concreção dura que se forma na
bexiga, rins, fígado, etc., também cálculo; (cálculo?...pensava que cálculo
era e é o significado de calcular algo).
8) concreção calcária que se forma nos dentes (por isso é bom lavarem-se amiúdo);
9) lousa escolar; (ai que saudades eu tenho da minha lousa, e de algumas garôtas daquele tempo de menino) 10) quadro preto; 11) pessoa considerada pouco inteligente
(aaaaaah, eu bem sabia que era isso…mas queria confirmar); 12) estado de
entorpecimento ou de euforia induzido por droga ou álcool; 13) féria da semana
para os sapateiros (essa agora…descriminarem os sapateiros? Porquê?); alectória
pedra que se julgava formar-se no estômago ou fígado do galo, à qual se atribuíam
propriedades maravilhosas; de ara pedra benzida, colocada no altar , e sobre a
qual o sacerdote faz a consagração, na missa; ~ lascada, designação da primeira
parte da idade da pedra, Paleolítico; ~ polida designação da última parte da
idade da pedra, Neolítico; atirar a primeira ~ ser o primeiro a acusar, estando
comprometido; atirar a ~ e esconder a
mão fazer o mal, fingindo-se inocente;
chamar (alguém) à – repreender (alguém) ; com quatro pedras na mão,
agressivamente; dar por pau e por pedras, - zangar-se muito; de fazer chorar as
pedras muito comovente; de ~ e cal –muito seguro, firme, inabalável,
absolutamente determinado; estar com ~ pedra no sapato, andar desconfiado m (do
lat. Petra).
O símbolo ~ (tilde) está em substituição da palavra
“pedra”, para evitar repetição da mesma.
Francamente falando, escrevendo para que conste, depois
de analisar bem, juntando a minha óptica de ver as coisas, com a experiência tida durante
os meus largos anos, convividos com uma multitude de pessoas de várias
nacionalidades e, por conseguinte, de várias culturas, concluí que muito mais
havia para “descrever mais e melhor” o que é um calhau. Assim após elaboradas
notas, extraí o resumo seguinte, convicto que, se mais pesquisasse mais
encontrava ainda. Mas, creio que a descrição seguinte será o suficiente para
que os leitores possam formar uma ideia e captarem a profundidade do tema. Assim…boa leitura é o que lhes auguro.
Há-os…
Que, toscamente evoluíram
Feitos com certa arte
Naturais e fabricados
Que, nasceram defeituosos
Que, assim ficaram com o
tempo
Com tal aspecto que, os
lamento
Que têm um brilho, que
cega
Sem brilho algum e opacos
Gorduchos, que parecem
sacos
Que, nunca prestaram nem
prestarão
Na Europa, Africa e
Oceânia
Na Ásia, Améria Central,
Norte e Sul
De várias cores,
incluindo o azul
Na Antártica e no
Polo-Norte
Alguns, são encontrados
por sorte
Que dão “azar” quando se
encontram
Machos, mistos e fêmeas
Há-os de todos os
calibres
Com mais “quilates” que
outros…por fora…
Mas, todos “ocos” por
dentro!
Há-os…
Que, com o tempo, são
mais ainda
Perdendo valor, muitos
deles
Ganhando ridículo, muitos
outros
Que pensam que não são
Que nem sabem pensar
De cerrada barba, por
fazer
De esmerada barba feita
Que servem de suporte a
outros
Em toda a parte onde
existam pedras
Bem polidos, ou menos tal
Em bruto, ou algo quase
igual
Aqui, além e por todo o
lado
Pobre, rico e remediado
De Norte a Sul de
Portugal!
Há-os…
Em toda a parte, onde homens
houver
Toscos por fora, alguns
deles
Toscos por dentro, muitos
outros
Engravatados e, de alva
camisa
Laminados e por laminar
Vesgos, cegos e aleijados
Mais por dentro do que
por fora
Carecas e encabelados
Corcundas e desempenado
Rufias e aldrabões
Dispersos e aos montões
Que não sabem que o são
Que são, e insistem não o
ser
Em todas as profissões
Alfaiates, empresários e
tecelões!
Há-os…
Desde choferes a
maquinistas
Engenheiros, locutores e
dentistas
Cozinheiros, taberneiros
e outros tais
Uns menos toscos, outros
muito mais
Alguns activos, outros
inertes
Tipo bravos e tipo
mansinhos
Parecendo “touros ou
cordeirinhos”
Religiosos e ateus
Cristãos e judeus
Muçulmanos e budistas
Há-os…em todas as
religiões
Uns que são mesmo
fanáticos
Alguns, que são menos
devotos
Outros, que só sabem dar
nas vistas
Que são autênticos
malabaristas
E, também os há…que são
bons artistas!
Há-os…
Há-os em todas as forma e
matizes
Professores, advogados e
juízes
Que nunca nada fizeram,
mas vivem
Os que morrem a trabalhar
Que o são, desde meninos
Que, aparentam não o ser,
mas são
Que tentam não parecer,
mas em vão
Que, dá pena que assim
sejam
Invejosos e sem inveja
Gananciosos e trapaceiros
Desde doutores a
pedreiros
Uns menos e outros mais
Banqueiros e… que sei eu
mais!
Há-os…
De papillon, engravatados
e de folhos
Amiúdo, atacado e aos
molhos
De voz grossa e, voz de
falsete
Que, têm que dormir na
rua
Que sempre dormiram em
palacete
Que têm pouca vergonha
Que não têm vergonha
alguma
Que não sabe o que isso é
Que, acreditam que são
alguém, sem ser
Que sabem tudo, sem nada
saber
Insistindo, afirmando, de
finca-pé
Que gostam muito de se
exibir
De façanhas que só dá
p’ra rir
Que têm pouca dimensão
De têm dimensão massiva
Que aparentam ser polidos
De várias cores e feitios
Já minados e por minar
Nos ribeiros, riachos e
rios
Uns á vista, outros
escondidos
No deserto e, nas
profundezas do mar!
Há-os…
Que, se encontram
facilmente
Que são difíceis de
encontrar
Do lavrador ao dentista
Do veterinário ao
oculista
Que, são exímios, na sua
arte
Que nem de arte percebem
Que são artistas de merda
Que nem p’ra conversar
servem
Que são gordos ao nascer
Que engordam, com o comer
Que são magrinhos desde
nascença
Que enjoa, a sua presença
Há-os…
No governo e suas
sucursais
Desde Soldados a generais
De Presidentes,
secretários a ministros
Que vivem desafogados
Que vivem sempre aflitos
Que só vivem de mexericos
Com muito dinheiro e com
pouco
Sem dinheiro qualquer
algum
Que, com bons carros
andam
Que, nem bicicleta têm
Que nem sabem falar, mas
falam
Que, tentam falar bem,
mas não sabem
Que nem sabem escrever
Que, se escreverem, serão
gatafunhos
Que aparentam e cheiram a
imundos
Que se vestem muito
limpinhos
Que são alarves ao comer
Que são o que são, sem
saber
Que andam de burro ou de
cavalo
Por necessidade ou por
“regalo”!
Há-os…
Que são assim, assado e
doutro modo
Muitos deles sem ter
consciência
Para os quais, não tenho
paciência porque…
Um calhau é um calhau de
seu apodo!
Há-os…
Que, mesmo disfarçados,
para que não pareçam…
não conseguem deixar de o ser!
Há-os…
Que, por muito que se
esforcem…será uma causa perdida porque…
toscos nasceram e, toscos serão, toda a vida!
Há-os…
Que, são tudo o mais,
menos não o ser…a tal ponto que…
se não houvesse calhaus…eles… teriam que ser!
Há-os…
Que, com eles, eu não me
ralo devido a que, sejam o que sejam,
com
calhaus eu não falo porque… (Música de fado…maestro)
Não quero gastar saliva
Com cérebros de serradura
De tristeza, vai-se-me a
vida,
Com tanta falta de
cultura!
FIM.
Sem comentários:
Enviar um comentário