...continuação
Desta forma, descrevendo o episódio, aquilo da “mudança ao óleo” foi tão cómico que, eu já dentro do local á espera que a pessoa encarregada de “o mudar” aparecesse, tentei sentar-me - para me descalçar - numa coisa que parecia ser um banco de madeira.
Era de noite e, de noite todos os gatos são pardos, mesmo que sejam brancos - com uma luzinha “dimm, dimm” (mortiça) assim quase a convidar para o “romance” e, claro, como ali não havia romance nem coisa parecida, devido a que só se tratava de uma “mudança de óleo”... - não porque não houvesse óleo mas sim, por aparentar que existia uma espécie de “overflow” – problema que, a não ser tratado, poderia infiltra-se nos “pistões” (?) e passar a ser um caso dos trabalhos!
O problema foi que, ao tentar sentar-me, aquela coisa que parecia um banco moveu-se a resmungar “crrô-crrô-crrô” fugindo dali e, eu sem apoio do banco ou do "crrô-crrô”, estatelei-me de cú no chão!...É que o raio do “banco” era um corricho-suíno, porra! Ou, como se diz na minha aldeia, era um bácoro!
Escusado será dizer que já não houve "mudança de óleo" devido á má recepcção da "mecanica" encarregada de a fazer!.
Voltando um pouco mais atrás e, mais precisamente, ao “Chez Toi”… ali ia toda a espécie de homens “católicos” que até iam á igreja e tudo!...O problema foi quando as mulheres deles – principalmente aquelas que, durante o dia iam às lojas de roupas e, o tipo que as atendia, sabia “da religião” do marido e que “catequista” ele – o marido d'alguma das outras - andava a cortejar!...
- “Oh diabo...que uma dessas mulheres, esposa de um dos tais...se quis vingar e...-"já que é assim – pensou ela – “se tu te andas a enrolar com aquela, eu vou-me a enrolar com este”!...Assim, aconteceu a um bom “católico”, técnico de frio... e, até parece que adivinhou o homem ou alguém lhe disse...porque apareceu na hora em que a “cerimónia” estava a meio e, se não fosse a janela estar aberta...- para entrar ar - era uma vez um “fanqueiro” porque meteu tiros e tudo.
Para aclarar, uma vez que alguns deverão conhecer a “boate” como Gato Negro, o certo é que, antes se chamava “Chés Toi”. O dono era um locutor de rádio de nome Soares Duarte, uma figura avultada cuja mulher não sei se o suportaria em cima, na exclusividade.
Entretanto, aquilo muda de dono e de nome!
“Jamais Chez-toi”.
Aquilo passou a chamar-se "Gato Negro", cujo dono era o Chico Fernandes. E, aí, ele foi a Portugal de propósito a contratar "gado novo" – todas com um “Gato Negro” um pouco mais abaixo do umbigo.
Algumas 20, aptas para todo o serviço!
Recordo aqui que, já com O Ninho de Santa Luzia aberto, principalmente às Sextas- Feiras, o Chico me telefonava – sim, tinha telefone naquela ocasião. Podia era não trabalhar mas que tinha, tinha, para um almoço para 22-23, depois das 3 da tarde. A ideia, era tentar afugentar os “mirones”.
QUE INOCÊNCIA A DO CHICO!
O problema era que...havia tantos esfomeados de “carne fresca” – mesmo que besuntada de outros - que até parece que lhes dava o cheiro!...Então, após já estarem a almoçar, vêem aqueles tipos que só faltava “comerem-nas com os olhos”. Ainda tive problemas com alguns porque se sentavam mesmo em frente da registadora – local do meu trabalho mais assíduamente, a comentarem...- "olha p’rá q’élas trancas carááááálho"!
Voltarei a situações similares, mais adiante quando um destes – completamente “apanhado pelo clima”, colocou uma “Pêra" (granada) de sopro (ofensiva) em cima do Balcão. Eu também tinha 24 mas, das outras. Depois conto.
Claro que eu não permitia provocações directas! O respeitinho era muito bonito e eu tratava de fazer vingar o mesmo! Enfim, longa estória.
Bem, já me adiantei no relato porque já estou a referir-me coisas da vida civil, quando ainda nem sequer saí da “tropa”. Assim voltando atrás - antes que me considerem “um desertor” - depois da Messe de Sargentos, fui para a Messe de Oficiais.
Ali, passei talvez os melhores momentos da minha vida, enquanto militar! Baptismos do vinho e do arroz!... Abotoamentos de ($$$) – que algumas enfermeiras Páras pagavam, pelas refeições que comiam “fora das horas normais”.
E, foi ali também que, o meu coração começava a bater mais apressadamente, cada vez que vinha lá uma tal Rosa – a bajuda (garota) da marmita, descrita num poema nalgum lado nestas linhas. O baptismo do vinho já foi noticiado no Blogue do Luis Graça mas, se desejarem poderei repetir. Foi real...e fui apanhando em flagrante, pelo meu chefe, o Tenenete da Messe, mesmo a meio da "cerimónia" baptimals! Não imaginam a minha afronta. Claro, o relato deste e doutros episódios, fazem parte de alguns capítulos do meu primeiro livro.
Estamos a 23 de Dezembro de 1968 e, “amanhã” é dia da “PELUDA”...
Seguem uns versos da minha autoria, excepto o primero, uma vez que já era cantado na Guiné por alguém que desconheço. O "Oh,lé,lé, lé" é um arranjo meu e deve de ser cantado pelo coro dos presentes já que tudo deve ser cantado em reunião de amigos e camaradas.
A primeira frase deve ser cantada por um camarada que tenha a certeza que não vai “espantar” os presentes com a sua vóz. Quer dizer…que a vóz de quem quer que seja, que não seja como a minha!...
O "oh-lé-lé, lé" deve ser cantada pelo coro!
Agora, se quiserem arriscar ouvir a minha vóz…duas coisas têm que fazer!
1) - Carreguem no símbolo abaixo (espero que funcione).
2) – Previnem-se a tempo e horas, com “bolinhas” de algodão-em-
rama para…exactamentete isso que estão a pensar!
3) - Estejam preparados para “zarpar” para longe, ao ouvir a minha voz
que, se não fosse quase uma “cana-frecha rachada” é porque é
isso mesmo
Nota: A referência ao Pelundo é em homenagem a um camarada que comentou ter lá estado (eu não estive) e pode ser emendada para qualquer outra localidade desde que façam rimar no fim. Assim, estivesse cada qual onde estivesse, é procurar uma rima para o local!
PERIQUITO
I
Periquito vai p’ró mato - oh-lé-lé-lê-lé
Que a velhice vai p’rá Metrópole - oh-lé-lé-lé-lé
Eu da Guiné, já s'tou farto - oh-lé-lé-lé-lé
Quero ir "goss-goss" (crioulo) - oh-lé-lé-lé-lé!
II
A jangada vai p’ró fundo -oh-lé-lé-lé-lé
Se o motor avariar - oh-lé-lé-lé-lé
E eu que venho do Pelundo (Guiné) - oh-lé-lé-lé-lé
Á Metrópole não vou chegar - oh-lé-lé-lé-lé!
III
Estou farto desta Guerra - oh-lé-lé-lé-lé
Que não havia de começar - oh-lé-lé-lé-lé
Quero ir p’rá minha terra - oh-lé-lé-lé-lé
P’rá minha noiva beijar -0h-lé-lé-lé-lé!
IV
Estamos todos debaixo de fogo - oh-lé-lé-lé-lé
Helicóptero tarda a chegar - oh-lé-lé-lé-lé
Estes "gaijos" da Força Aérea - oh-lé-lé-lê-lé
Agem muito devagar - oh-lé-lé-lé-lé!
V
S’tamos cercados por todo o lado - oh-lé-lé-lé-lé
O reforço s’tá a tardar - oh-lé-lé-lé-lé
Vamos todos p’ró carálho - oh-lé-lé-lé-lé
(se a audiência for sensível a linguagem adulta, podem mudar
a última palavra para galheiro, anjinhos, ou outra)
Se o reforço não chegar - oh-lé-lé-lé-lê!
VIVA A PELÚDA!
VIVA!
Estamos a 24 de Dezembro de 1968,
véspera de NATAL eeeeeeeeeeee...
diiiiiiiiiiaaaaaaaaaa da P E L U D A!
Yahoooo!!!
Era um novo dia!!!
Era como que um novo menino Deus tivesse nascido!
Era só alegria, transbordante, louca, incontrolável e que sei lá mais! E, ali, apesar de separado de todos os meus familiares, eu era o ser mais feliz do Mundo! Era livre e, como tal…Foi até não mais entrar!
Ostras, camarão, pardais fritos e grelhados, jindungo e mais jingungo! Foi um farrabadó! Cerveja a montes e, no outro dia, dores de cabeça a montes também.
Quero lá saber! Era um homem livre e, o mundo era meu!
Chegado ali, e como não regressei á “Metrópole” o melhor é explicar o porquê de tal decisão!
Aconteceu que, durante o serviço militar, como era normal, dava umas voltas pela cidade, abancando aqui e ali, incluindo na esplanada do Grande Hotel! Ali, entrei em contacto com o dono do mesmo onde ele, ao saber que tinha trabalhado na Industria hoteleira na Metrópole, perguntou-me se eu podia ajudar em certas ocasiões, quando tivessem banquetes. Pedi ao meu chefe – o “querido” Tenente da Messe de Oficiais da FAP, se poderia tentar ganhar algum $$$. Concordou, desde que o serviço na Messe não fosse descurado!
Assim, dias antes de passar á “Peluda” o dono do Hotel perguntou-me se eu queria lá ficar a trabalhar! Disse que sim mas, mas não chegamos a acordo por a verba oferecida, ser curta. Desse modo, passei pelo local onde estava previsto abrir a Solmar – café-cervejaria-restaurante, no centro de Bissau. Falei com o dono – Sr. Afonso, já dono doutro local – casa Afonso, no chamado “chão Papel”! Conversamos e, ficou assente que ficaria ali a trabalhar!
Eu era ainda solteiro e trazia uma angústia comigo, devido á Rosa - “a bajuda da marmita” - mas, não podendo fazer nada – (ou até poderia (?) mas, indeciso, baralhado tentei esquecer e, chegado o momento fui casar á Metrópole com a que ainda hoje é minha mulher. Aleluia, aleluia!
Antes, porém, pergunto ao dono da Solmar se acaso poderia acomodar mais uma empregada – a minha futura mulher e, pela negativa...decidi passar pelo Grande Hotel novamente onde, o dono, ao ver-me ficou todo contente porque ele ia a abrir um novo restaurante - O PELICANO.
Conversa curta, “amor á primeira vista” (até era a segunda) ou...para melhor, tudo se encaixou nos objectivos de ambos!...Trabalho para dois e dois para o “O PELICANO”! Fui casar e regressei acompanhado para a Guiné. Inicialmente, durante os últimos retoques no novo restaurante, a aguardar a chegada de mobílias e louças etc., etc. - ficamos no Grande Hotel! Ali, conheci um indivíduo Africano que tinha estado preso no Tarrafal, classificado como “terrorista”, chamado Mário Mamadou Turé – cujo apelido de guerra era MOMO!
Tinha sido libertado juntamente com Rafael Barbosa – figura emblemática no PAIGC - depois de ter estado no Tarrafal. Ali, mais um Mário que, forçosamente tinha que ser boa pessoa! E era! Dávamo-nos às mil maravilhas e, qual “terrorista” qual quê?
Todo o cidadão que ama a sua Pátria e luta pela libertação do seu país, não é um terrorista mas, sim um Nacionalista! Terrorista é quem ataca outro País, para usurpar os recursos naturais, com o petróleo, por exemplo! E, se adivinharem do que estou a falar, então é isso mesmo!
O MOMO, sabia o que dizia e o que queria! Impunha respeito ao pessoal local e a nós próprios! Há que saber respeitar o “inimigo” que, no fundo, se calhar até nem era! Propaganda dum raio que deturpa tanto as coisas! Claro, quando se chega “a elas”, morrer por morrer que morra o outro! Seja amigo ou inimigo!
Aqui, nesta foto, para que vejam, eu até tinha cara de anjinho! |
Tão anjinho tão anjinho que, conforme descrevo no meu livro, o facto é e foi que...eu até estava com “um pó” ao padre pela falcatrua que ele me tinha feito, quando me “roubou” 900$00! Tive que pagar duas vezes pela papelada para casar com a minha mulher!
Agora, convém dizer que, na verdade, na foto, eu até já era casado com senhora ao meu lado esquerdo e, por incrível que pareça, apesar de me assistir o direito legal de poder ir dormir com ela – ou melhor dizendo, para ir p’ra cama com ela e, se assim fosse, creio que pouco se iria dormir – o facto foi que, quando fui ao altar, eu já era marido legitimo dela e, o facto foi que, o ir para a cama, não tinha sucedido, devido a que…o relato é dado no meu livro!
Neste ponto, de estar ali a casar novamente, até poderia ser considerado “bigamia” se não fosse o facto de que a pessoa em causa era a mesma pessoa envolvida no primeiro e no segundo casamento, sem nunca nos termos divorciado!...Têm que ler a história para terem uma ideia como é que foi a coisa!
Além disso, já era uma 1:30 da tarde e, eu, já com uma fome danada, quando ele vem com aquela coisa tão relesinha e insignificante que, mal a pus na boca se agarrou logo “ao céu” da mesma - e não o outro “céu”onde eu tinha “ido e vindo 3 vezes”, enquanto o diabo esfrega um olho, conforme descrevo nestas nalgum lado nestas linhas.
...continuará brevemente.
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