Continuação de recordações de África. O leitor, deverá ler as partes anteriores, para encontrar o sentido do que está a ler.
Aqui, todavia, estava ainda fresquinho de casado! Toca a passear com a “madame” e mostrá-la a algumas “bajudas” do tempo da tropa...criando, imediatamente “ciúmes” logo ali, nos dois lados da “fronteira” dos amores, enquanto eu me ria por dentro. E, uma delas, foi a Rosa – a “bajuda da marmita” á qual lhe dedico o poema seguinte, já enviado antes para alguns camaradas mas que, devido a alguns erros, tive que corrigir!...
ROSA
A Bajuda da marmita
Por: Mário Tito)
I
De “ebónica” pele...que reluzia
Cintilando ao Sol, durante o dia
Era tudo...aquilo que eu queria
A cada momento de fantasia
O corpo dela, que me atraía!
II
Rosa, a bajuda da marmita
Melancólico olhar, mas muito bonita
Sorrindo amplamente, sem fazer fita
Elegante, desenvolta, toda catita
Como era linda, a bajuda da marmita!
III
Às horas do almoço ou do jantar
Lá vinha ela, elegantemente a caminhar
De marmita na mão, para nela carregar
O sustento de alguém, que estava a esperar
Que ela voltasse, sem muito tardar!
IV
Era linda a bajuda – Rosa - de nome seu
De corpo esbelto que queria que fosse meu
Alegre, sempre, até que um dia sucedeu
Não dizendo o que lhe aconteceu
Ela, chorando, um beijo na face me deu!
Foi só isso e nada mais!
Não apareceu, jamais!
V
Até que, nove meses, ou oito e meio
Um “mulatinho” ao mundo veio
Não era meu, um tal anseio
Quisera eu, estar pelo meio
Mas era tarde, para tal devaneio!
VI
Tive pena dela, a bajuda da marmita, a tremer
Que, quiçá, sem ela querer
A “seu” amo teve que, se submeter
Por medo, ou algo que não quis dizer
Mas, fosse o que fosse, teve que ser!
Eu, era eu, o Cabo da Messe!
Ela, era ela, a Bajuda da “marmita”!
Junto outro poema em homenagem a ela!
CANÇÃO-POEMA
“Quando se anda de amores”
(Por: Mário Tito)
I
Quando se anda de amores...
Não se deve olhar a cores...
Nem tão-pouco...á religião!...
Deve…respeitar-se o sentimento...
Daquilo que nos vai por dentro...
Porque, quem manda é o coração!...
II
ELE... é Rei entre os senhores...
Quando ELE anda de amores...
Não se deve contradizer
Ele ama á sua maneira...
E queira a gente ou não queira...
Não há nada que fazer!...
III
Melhor...deixá-lo tranquilo...
P’ra que...não venha com aquilo...
De ser...um fracassado...
Porque se ele sofre, também sofro eu...
Faça o mesmo com o seu...
P’ra não ter um mau bocado!...
IV
Contrariá-lo...é perigoso...
Porque ele... às vezes é manhoso...
Dizendo que...tem muitas dores...
E...seja verdade ou não...
Diz que é um pobre coração...
E que está morrendo de amores!...
V
Na trama dele, eu não vou...
Não quero ser como sou...
Como ele, um fracassado...
Eu só quero, arrancar de meu coração...
Custe-me a vida ou não...
Este amor do meu Passado!...
Se quiserem ouvir, espero que funcione.
Estamos a 14 de Novembro de 1969.
O “O PELICANO” abre e, para os que conheceram o mesmo...sabem muito bem que aquilo era enorme enorme!...Eu era o encarregado daquilo tudo!...Daí que, antes, eu tinha falado com o dono para que...alguém de confiança, me pudesse assessorar para lidar com o pessoal local, resolver certas quezílias de disciplina de horário, comportamento no serviço etc. etc.!...Nada melhor que o MOMO!... Assim, ele acompanhou-me para o “O PELICANO”. Ao mesmo tempo, o horário era das 7 da manhã á 1h00 da noite ou da manhã, como queiram frasear!
Para tal, era necessário vários turnos e, por uma questão de controlar… tanto no bar de cima como no debaixo, era mais que óbvio que eu não podia exercer controlo naquilo tudo sozinho!... Assim, fiz pressão para que viessem alguns familiares por uma espécie de confiança!...Deste modo, acabaram por chegar...irmão (que já tinha sido tropa na BA-12, mas ao serviço no Exército, numa Companhia de Art.Antiaérea – 63-65) com mulher, uma irmã de ambos, com marido e, uma cunhada, irmã da minha mulher, por uma questão de suporte familiar á noiva recém-casada.
BOM MARIDO, O HOMEM…enh!
Tudo estava de “vento-em-popa” até que fizemos balanço!...Perante umas dúvidas – nunca gostei de dúvidas – propus ao dono que me sub-alugasse aquilo e, deste modo, já não haveria dúvidas!
Não aceitou, despedi-me, aluguei um espaço que ainda andava em construção. Fiz a papelada a requerer alvará e fui de férias com a família!...regressei com a mulher e os outros ficaram!...
Estamos a 14 de Novembro de 1972.
Foi quando abri o NINHO DE SANTA LUZIA!...
A razão para o nome de NINHO, esteve um petisco que eu inventei...sem querer...o qual passou a ser extremamente popular, chamado “NINHO DE CAMARÂO”, que um dia destes direi como tudo começou!...Assim perante este nome, decidi chamar ao meu “Snack-Bar-restaurante O NINHO – pelo nome do petisco e DE SANTA LUZIA – por estar localizado no Bairro do mesmo nome!...
Aqui, na cozonha do Pelicano, com mulher e cunhada! |
ERA SÓ AMORES MAS…VIGIADOS!...
O homem nunca casa com a mulher de quem gosta mas… sim, com a que “só vê defeitos” nele!...
Antes de casar, o homem é o ser mais perfeito ao cimo do planeta terra e arredores! Mas, depois de casar, é o ser mais defeituoso existente no Universo!
RAIOS-PARTAM NISTO!
Entretanto, na véspera de abrir o NINHO, fiz as contas de “deves e haveres”. Os “deves”…eram 4 vezes a minha altura. Eram só dividas…o aventureiro que sempre fui!... O único “haver”… tinham sido 230 contos já evaporados e...uma carrada enorme de confiança!
Estamos a 31 de Março de 1974.
Até aqui, nesta data – menos de dois anos passados - tinha tudo pago e o armazém com mais de 3.000 contos também, quase pago! No entanto, ainda havia aquela franquia de se comprar a 30-45-60-90 dias!...
Nesse mesmo dia fiz a escritura da compra – por trespasse - do Bar-Restaurante “ A TABANA” – ex- META aberta em finais de 1968, com a minha ajuda, a pedido do meu chefe - Tenente da messe de Oficiais da FAP em Bissau. Como ele sabia que eu tinha trabalhado no ramo da restauração na Metrópole...pediu-me para lá ir trabalhar no dia da inauguração!...O Barista da Messe ficou lá como encarregado!...
Nota: Para aqueles que tiveram a oportunidade de conhecer tanto A META como A TABANCA, sabe do que estou a falar. Para outros, foi pena porque merecia apena!...Era um tubo de escape na cidade de Bissau, para aliviar o “stress”!
Até aquela data...há toda uma gama de possíveis comentários mas, pelo que me é dado observar, os camaradas da “Tertúlia” estão mais “embicados” com períodos de pós-Independência!
Tendo isso em consideração...e por me merecerem o maior respeito, tentarei abreviar alguns episódios pré-independência… embora, no meu ponto de vista, não possa deixar de lado certos rabinhos de certos episódios, por estarem intimamente interligados com o do pós-independência...tal como o seguinte!...
Estamos entre 14 de Novembro de 1972 e poucos dias depois do 25 de Abril – 1974. E, conforme já mencionei nalgum lado nestas linhas, alguns dos nossos estavam completamente “apanhados pelo clima” e…um deles, entra no NINHO, senta-se ao balcão e colocar uma “pêra de sopro” (granada) em cima do balcão!...Um dos meus empregados – o José Carlos - assusta-se e alerta-me para o facto!
Ora, tinha acontecido que, logo a seguir ao 25 de Abril, uma companhia de intervenção vem para montar segurança ao perímetro de Bissau – patrulhando ruas etc., etc., da qual fazia parte um cunhado meu, irmão da minha mulher!...
Eu até preparava sandes, bebidas etc., para entregar ao grupo onde ele estava até que ele me aparece no NINHO com uma caixa e 24 granadas das outras – defensivas. Agarrei numa e coloquei-a dentro de uma caixinha de cartão – que antes tinha sido a caixa de um despertador – e coloquei-a mesma atrás da registadora!
Eu até preparava sandes, bebidas etc., para entregar ao grupo onde ele estava até que ele me aparece no NINHO com uma caixa e 24 granadas das outras – defensivas. Agarrei numa e coloquei-a dentro de uma caixinha de cartão – que antes tinha sido a caixa de um despertador – e coloquei-a mesma atrás da registadora!
Recordo que, um dia, o mesmo empregado, fazendo uma limpeza mais a fundo, passou o pano atrás da registadora e, ao ver uma caixa de “espertador” – se calhar a pensar que podia roubar – pega nela e abriu-a e…o suto que apanhou ainda hoje deve de estar todo mijado!...Foi sorte não a ter deixado cair!...Mas…quem é que lhe mandou a ele a abrir a caixa? – Claro, queria era ver se a podia desviar para vender o despertador!... Só que aquele despertador…não somente iria acordar a ele mas, sim toda a vizinhança e, se calhar, fazer com que alguns passassem a dormir dormir definitivamente o sono “dos justos”.
Bem feita metediço!
Bem, após isso, eu disse-lhe nunca mais mexesse naquilo e que, se lá estava era porque eu assim o tinha decidido. Uma ali, e 23 escondidas a jeito de se irem buscar, em caso de “aperto de calos”!
Ora, voltando ao tal que tinha colocado a outra em cima do balcão…o rapaz assustado, vem p’ró pé de mim a tremer! Eu agarrei na minha, aproximo-me do fulano e, pergunto-lhe se aquilo está á venda e, sem esperar resposta, disse-lhe se era para exibição…que eu também podia exibir a minha, ao mesmo tempo que meti o dedo na argola…enquanto lhe dizia para desaparecer dali imediatamente com aquilo fazendo gesto de caminhar para a rua - o NINHO tinha duas portas, sendo uma de acesso á parte de dentro do balcão. Assim, o tipo a sair pela outra e eu acompanhar do lado de dentro do balcão, até á rua e até que ele desapareceu de vista!
Passados uns minutos… “BUUUUUUM”… por ali perto!...Não sei se foi aquele ou se foi outro! Neste ponto, há que reconhecer que “entre os nossos” havia de tudo e, muitas das vezes uma rivalidade descontrolada! Entre Paras e Fuzileiros! Entre Comandos e Polícia militar e, entre eles todos, especialmente a tropa de élite!
Recordo que, um dia – uma quarta-feira – dia de folga de todo o pessoal, tinha aceitado fornecer um jantar de celebração de qualquer coisa, a um grupo das finanças, incluindo convidados! Ali estávamos, numa mesa em “U” quando, repente, “BUUUUM-BUUUM-BUUUM” logo em frente, na estrada de Santa Luzia!...Segundo constou, eram os comandos – um grupo claro, não todos – em cima dos mangueiras a despejar granadas aos jeeps da PM!...Dentro do NINHO, toca toda a gente a aterrar debaixo das mesas!... Uma vergonha, diga-se desde já!
Voltamos ao dia 31 de Março de 1974 – dia da compra da Tabanca!
Logo a seguir á compra da TABANCA… iniciei uma série de reconfiguração, decoração etc., etc. do local dentro dos planos de abertura para um mês ou dois mais tarde! Aqui, tal como no jogo – que só me sai jogo furado – o plano saiu furado e bem furado porque...
O primeiro furo mais que óbvio – fora do meu controle- foi o 25 de Abril!
Assim...estamos no 25 de Abril...
Aqui, ocorre-me perguntar - e até serve para cada qual contar uma estória -onde estava cada um dos camaradas?
Eu estava lá, no Ninho de Santa Luzia, negócio em movimento que requeria a minha presença constante! Mas, naquele dia, numa aberta, desloquei-me á “A TABANCA” e disse aos trabalhadores que não espetassem nem mais um prego! Estivesse como estava, ficaria assim até ver onde paravam as coisas!
Estamos a 26 de Abril.
A partir dali, foi escorregar por uma tábua abaixo e ficar dependurado no precipício, tal como me aconteceu uma vez, a bordo de um pequeno barco, pertencente á Embaixada dos EUA – Bissau, quando eu e um mecânico estávamos a bordo, com o motor parado, indo ali o barco á deriva, direi tinho aos pilares do cais, movido pela corrente forte da água.
Eu vi o caso mal parado a pensar que nos esbarrávamos contra aquilo!
Pego na âncora...atirou-a p’ra água e, a puta da corda… leva-me atrás dela!...Só não fui p’ró charco porque bati com os tomatos – ainda hoje me doem quando falo nisso - naquela coisa onde se amarra a corda ao barco, quando atracam. Não sou marinheiro e por isso não sei o nome!
Entretanto, os armazéns de revenda, começam a exigir tudo a pronto, ao mesmo tempo que que-rem receber a factura atrasada!... Ali, entra-se num impasse e decido não pagar a atrasada, se não fornecerem a crédito! Façam o que quiserem, dizia eu. Para pagar o atrasado, tenho que vender e, aquilo ($$$$) não era elástico!... Enfim, luta económica e psicológica!
Há que saber navegar nestas águas senão vai-se mesmo p’ró charco!
Continuamos no dia 26 de Abril de 1974
Como o NINHO só abria às 11 da manhã, eu aproveitava essa aberta, para me deslocar á cidade a comprar mantimentos, fazendo ordens de entrega futura mas, também comprar carne, peixe, etc., por serem produtos que necessitavam de se lhe por o olho em cima, para avaliar a qualidade!
Recordo que estava perto da AMURA (para os que conheceram) por detrás do Café Bento e perto da Tasca-Bar do Zé D’Amura quando oiço um alarido enorme vindo do lado do QG, estrada abaixo, junto ao Hospital Simão Mendes...na direcção da cidade!
Era um “TORNADO” humano – escuro, tanto á distância como ao perto , e que, esta coisa de se dizer “quem tem cú tem medo”, teve um influência imediata em mim...apesar de um dos meus verso num dos meus poemas a sair brevemente no livro, constar como...
Quero morrer de manhã cedo...
Antes que a morte possa vir...
Não...porque lhe tenha medo...
Mas...para dela…eu me rir!...
Ah... ah... ah!...
E, como ainda não era de madrugada, interiormente pensei... – “Vai dar uma volta... ou, vem e apanha-me se puderes… puta-do- fado’!... (Come...and catch me, if you can, fate´s bitch).
Assim, neste ponto, gostaria de recomendar que, enquanto uma pessoa vive – seja homem ou mulher – o importante é ter sempre uma atitude positiva!...Nunca desanimar, independentemente da situação! Já se sabe que nem sempre é possível mas, menos possível será se, cada qual não tentar!
No meu caso, posso-lhes garantir e comprovar que, neste momento, tenho mais que motivos para não ser alegre! Nada relacionado com a saúde que, felizmente por esse lado, tem estado sempre bem…devido – se calhar – ao “Briol tinto” – mas, infelizmente por aspectos familiares com incidência na minha única filha, que vive no Luxemburgo!
Problemas pessoais, entre ambos!
Mas, como sou muito teimoso e lutador – pelo menos interiormente - lutarei com a “puta do fado”… quando ela bater á porta assim sem mais nem menos, sem ser convidada!...Façam o mesmo!...Lutem com ela e sejam alegres! Ou, pelo menos, tentem ser! Vão ver que espantam a puta durante uns tempos!
Agora, aproveitando esta fase da conversa, e pelo facto de eu ser muito teimoso...permitam-me um desvio sobre a Guiné – já lá vamos daqui a bocadinho – o certo é que, sempre que posso encontrar uma frase, um gesto, uma palavra que contenha alguma ironia, nem olho para trás!
E, não olho para trás por duas razões bem definidas.
Uma delas...se o fizer, vem-me á memória aquele episódio de, quando mais novo, ter passado em frente da porta do cemitério logo após o “lusco-fusco” e, o medo que tinha era tanto que...eu “sentia “ uma espécie de...quase como umas mãos a agarrarem-me por trás... que eu pensava serem esqueletos vivos!
Olhar para trás era o olhavas!
Porra...eu não queria encarar com nenhuma daquelas personagens!
Esqueletos? Ainda se tivessem carne...vá lá que não vá! Mas…esqueletos mortos e...mesmo esqueletos? Foge, foge Mário, antes que faças parte deles!...
Desse modo, quem quer que fosse que estivesse ou parecesse que estivesse a agarrar-me pelo lado de trás...teria que o fazer sem eu lhe ver a cara!... Eu, por teimoso, ateimava nisso!
Uma outra razão - no aspecto de ser teimoso - está o facto daquela coisa…“Quando fui ao Céu (?!) pela primeira vez”!
NOTA: Para que tudo encaixe, terei que introduzir “o rabo” da estória condutiva á descrição da minha ida ao Céu!... Assim… o texto seguinte serve de guia, até se chegar “Á PORTA DO CÉU”!
ESPERO QUE COMPRRENDAM E...CALMA…A GUINÉ ESTÁ CHEGAR!
Agora, voltando ao facto de eu ter sido forçado para ir para a Força Aérea – como podem verificar, não me esqueço do que estava dizer - creio já ter referido que uma das razões deve ter sido o facto de eu ter um braço torto, devido ao meu acidente de burra porque os Páras não aceitavam gente ‘aparentemente defeituosa’ e, por cima…lá nos Páras submeteram-me a um exame físico mais rigoroso do que quando eu tinha ido à inspecção!
E, foi aí que, uma tal dita médica pára - que refiro mais atrás - me apalpou os testículos com mais rigorosidade - de tal ordem que, como ela tinha as unhas postiças, até me beliscou num deles - do que o médico – seria médico (?) aquele tipo com cara de Sargento e de ter acordado mal disposto, que me inspeccionou quando fui à inspecção (?) - e, conforme ia dizendo, a médica pára descobriu, que eu tinha um testículo maior que o outro, como tive ocasião de referir antes, nalgum lado nestas linhas!
Recordam-se de, mais atrás, eu ter mencionado o tal formigueiro, que eu atribuí a efeitos testiculares, concentrado no meu lado esquerdo? Pois, era exactamente a este facto, o de ter um “testículo” maior que o outro, que eu me referia!
Entretanto, permitam-me referir que a palavra “testículos”, até só tomei conhecimento dela, já depois de ter emigrado porque, lá na minha aldeia sempre ouvi falar sobre os mesmos - o que agora conheço como testículos - dizia eu que, sempre ouvi chamar aos mesmos, “tomátos ou colhões”…mas, como isto é para escrever num livro, obviamente não devo usar essas palavras - tomátos ou colhões (?!) - porque não é tão civilizado, embora signifique e queira dizer, exactamente a mesma coisa!
Mas voltando á médica pára e à descoberta que ela fez sobre um dos meus testículos... pois, por acaso, até fiquei bastante aliviado por assim ser devido a que, se a descoberta dela tivesse sido ao contrário... como, por exemplo, se ela descobrisse que eu tinha um testículo mais pequeno que o outro, aí sim...já me preocuparia mais!...Isto significa que, embora pareça contradição, o facto é que não é e, como tal, permitam-me explicar melhor o meu ponto de vista!
Ora, tratando-se de um testículo maior que o outro, significa e quer dizer que, o ‘outro’, para todos os efeitos, foi apurado para “todo o serviço” – militar...ou não - pela médica pára e, consequentemente, era considerado normal!...Por isso, dentro deste prisma ou ponto de vista e, para os efeitos que os mesmos testículos foram criados, eu até tinha – e tenho ainda porque, ao escrever estas linhas, ainda cá ando - testículos de sobra!
Mas, se fosse um testículo mais pequeno que o outro e que, “o outro” é que fosse normal, já estão a ver o meu ponto de vista que, se assim fosse, me faltavam testículos, para não dizer tomátos ou colhões!
Espero que me tenha explicado testícularmente, suficientemente claro!
Eh pá, tenham calma!... Estamos a chegar á Guiné!
Por acaso, o testículo a que me estou a referir, até é o do lado esquerdo devido a que, como estou a escrever isto - estas linhas - e, às vezes deixo o computador ligado a meio da conversa, para ir até ao Clube Português – apesar do barulho – a desanuviar as ideias ou a outra coisa qualquer e, como a minha mulher também gosta de “sneak-in” - ou “meter o nariz” como se diz em português - no que estou a escrever, tal como uma irmã dela, aquela que tem a mania que sabe fazer “cocktails” e, à qual me referirei mais adiante e, portanto, como ia dizendo, referindo-me ao eu deixar o computador ligado, pois aconteceu que, ainda não há muito tempo, a minha mulher - e até nem sei como é que raios ela descobriu – me disse que tinha verificado que era verdade – “aquilo que tu tens escrito no computador, a respeito do livro e a respeito dos teus testículos... dizia-me…ela, nessa ocasião, -“afinal, sempre é verdade que...sim (!) que um deles – referindo-se aos meus testículos – “o esquerdo, é realmente maior que o outro”! Como é que raios…ela soube?
Se calhar apanhou-me a dormir e...curiosidade de mulheres!
Quando ela me disse isso, recordou-me logo “a primeira vez que eu fui a um alfaiate” para...ou por outra...permitam-me rectificar a frase “a primeira vez que eu fui a um alfaiate” (?) para, “a primeira vez que eu visitei um alfaiate” porque, eu “ir a ele...nunca fui nem irei, porque não é o meu forte” - para, dizia eu, me encolher e estreitar umas calças que me tinham dado, quando eu trabalhava numa taberna-carvoaria, lá em Lisboa!
Lembrem-se que, eu era pobre!
Aconteceu que, quando ele, o alfaiate, me estava a tirar as medidas, disse-me para eu abrir as pernas um pouco (?) ao mesmo tempo que me perguntou, de que lado é que eu usava a “ferramenta” e, acredite o leitor que, eu ali, mas lá junto ao alfaiate, naquele momento, confesso que, com aquela coisa dele me dizer para “abrir as pernas um pouco”, assim à primeira, até desconfiei que o homem, se calhar até era capaz de ser mesmo “la-ri-lo-lé-la”!
Ora, como eu trabalhava numa taberna-carvoaria e como não tinha ferramenta alguma, eu olhei para ele espantado, e perguntei-lhe…-“Então o senhor não sabe que eu trabalho na taberna ali da esquina e que, por isso, não tenho nenhuma ferramenta porque eu não sou carpinteiro ou pedreiro’?
Ele, rindo-se, disse... - ”Oh rapaz...a ferramenta a que eu me refiro...é aquela coisa que as meninas gostam muito para brincar aos meninos”!
–“Não me digas que não sabes o que é isso”? … perguntou ele, se calhar a desconfiar que desconfiava que eu fosse... “o que eu estava a desconfiar que ele, se calhar, era”!
Porra… era o eras!
Mas, voltando á pergunta dele…eu ali…só me restava manter a calma porque, factos são factos, devido a que eu até sabia e muito bem o que era “isso” – aquilo que ele se referia como “ferramenta” - porque já tinha usado “isso” até mais que uma vez...tendo até sido uma delas, na passadeira do corredor do 3º esq., do número 18 da rua de Angola, em Lisboa!...Só que eu não conhecia “isso” como “ferramenta!
E, sobre o acima, permitam-me mencionar que, eu, antes de trabalhar na taberna-carvoaria, trabalhei como “marçano” numa mercearia – que, creio, que até dava pelo nome de Pérola de Angola - situada no número 7 da rua de Angola em Lisboa, que era e é mesmo em frente, na esquina oposta ao número 18 da mesma rua!
Ali, aconteceu que - e eu bem me lembro - no nº 18 trabalhava uma “sopeira” que, tal como aquela outra garota da minha aldeia, também era danada para “brincar aos meninos” e, daí, o eu dizer acima o já ter usado aquilo que refiro como ”sso”, e que o alfaiate se referia como “ferramenta!
Mas, sobre o que se passou na passadeira, eu até bem me lembro que…com as garotas lá da minha aldeia, aquilo não passava de brincadeiras de crianças de 8-9-10-11 anos e que, como tal, “a passarinha” delas – das garotas...se já “penujava” era o máximo que podia ter sido e que, até em muitos casos, nem “penujo” tinha ainda!
Agora ali - mas lá - no 18 da rua de Angola, a coisa já rondava os 16-18 e, como tal...a garota em questão, até já “amojava”... e, como eu, nunca tinha tido a oportunidade de ver uma “passarinha pintada já com barba à volta” ...o raio da curiosidade era tanta e tão grande que eu ia estragando o “arranjinho” quando, já após estarmos ambos na passadeira, eu insisti para que ela - a garota - acendesse a luz para - curiosidades dum raio (!) - eu poder ver como era o enfeito da “barba á volta da passarinha” e…vejam só...para ver aquela coisa tipo “berbigão” que, na ocasião, eu conhecia como “o grelo” mas que, mais tarde, - já depois de ter emigrado - até aprendi que, cientificamente, é conhecido como “clítoris”!
E, definitivamente, se a palavra “clítoris”, não é de origem Grega então... eu, definitivamente também, não sei de onde é que é ou não é oriunda!
Bem, mas com aquela coisa de eu querer a luz acesa, ali mesmo e de imediato, entramos numa disputa sobre “luz acesa” - dizia eu – “luz apagada” - dizia ela - ao ponto do meu testículo esquerdo começar a pôr-me nervoso e, a um certo ponto...eu disse... – “então… assim, também não quero”… ao mesmo tempo que agarrei nas pernas - ou por outra, as pernas é que agarraram em mim, saindo porta fora, não imaginando o que iria a acontecer logo de seguida!
De repente, sai ela - a sopeira – disparada porta fora, agarrando-se a mim a gemer – e, na ocasião, por não saber do que se tratava – hoje já sei - eu até pensei que ela ia desmaiar agarrada a mim - com os braços e as pernas á minha volta, de tal ordem que...eu até bem me lembro que estava um degrau mais abaixo do patamar do andar dela e, eu ali em pé, com ela atracada a mim a gemer…anh, anh, anh, anh, anh...eu, á rasca não aparecesse algum vizinho ou vizinha - que ainda seria pior - quando, carregando com ela ainda atracada a mim, entro novamente para dentro do corredor e...bumba, passadeira...pró chão, com a luz acesa, tal como eu queria!...
SOU TEIMOSO OU NÃO SOU TEIMOSO?
Aaaah...mas, ali, até valeu apena! Oh lá se valeu?!
É que eu, se ateimar numa coisa, mesmo que esteja “com fome” prefiro não comer do que vergar.Sempre fui muito teimoso…e, neste aspecto, não sei “a quem é que raios eu saio” porque, tentando, sempre tento levar a minha avante conforme menciono nalgum lado nestas linhas, ao ponto de, bem...depois explico melhor!
O certo é que, na “azáfama” que se seguiu, francamente perdi a curiosidade toda de procurar saber primeiro que raio de enfeito a “passarinha” dela tinha á volta porque, as ideias ficaram completamente todas baralhadas de tal modo que, se aquela coisa de, quando mais novo, eu até tinha estado quase a entrar para um seminário e que, como tal, se tal tivesse sucedido, talvez tivesse sido “meio caminho andado” para entrar no Paraíso aquilo…ali mesmo, naquela ocasião, fui ao Céu e vim...trêêêês vezes “enquanto o diabo esfrega um olho”!
E, se o ir para o Paraíso exigia eu ir para o seminário, aquilo que “senti” naquele momento, ficava a anos-luz de distância – para melhor, claro (!) - e, como tal, não trocaria por dez Paraísos!
Tanto mais que era a primeira vez que sentia o que, naquela ocasião, tinha sentido, embora já tivesse tentado antes... mas, sem realmente nunca ter chegado “ao Céu”!...Mais uma vez ali mesmo, admirei a tal garota lá da minha aldeia, pela perspicácia dela, com o tal conselho, para que eu reconsiderasse “o ir” para o seminário!
Agora, salientando o facto de ter referido de “ter ido ao Céu”, quero dizer que, enquanto ia ao céu...num relance - porque estava atarefado - deitei uma olhadela no Paraíso e, o que vi na ocasião - não o que senti - não me deixou muito entusiasmado porque, ou eu me enganava ou eu estava certo, devido a que, o que vi ou pareceu-me ver...olhando assim de relance como já disse, pareceu-me serem os ricos a rirem-se á gargalhada dos pobres que, como sempre, ali mas lá - já depois de uma vida cá em baixo a fazerem o mesmo – continuavam submissos - os pobres – a servir “á grande e á francesa” a eles, os ricos!... Eles com tudo e os pobres na mesma!...Sem nada!
Como tal, e como eu sempre tive um palpite devido a que - não sei se já disse antes – eu matei um gato e, como tal e como dizia, eu sempre tive um palpite que, a rico nunca chegaria...pois ali mesmo ficou decidido que, melhor pobre e “ir indo de vez enquanto ao Céu”, com uma garota ou outra, do que arriscar ir para o Paraíso, arriscando ir a servir os ricos!
Era o que me faltava!... Pobre, mas com dignidade!
AGORA---Lembram-se daquela frase que se tornou célebre, quando o pessoal vinha de regresso á Metrópole e, já uns dias de viajem, acordando ou não no meio da viajem, perguntavam…- “Já chegamos á Madeira”?
A resposta é…não! Mas…“já chegamos á Guiné porque, a partir de agora é…
GUINÉ, GUINÉ, GUINÉ...E SÓ GUINÉ!
GUINÉ, GUINÉ, GUINÉ...E SÓ GUINÉ!
Portanto, voltando á conversa da “puta” que refiro mais atrás, quando sugiro para ela ir dar “uma volta”...o facto foi que, eu não a vi dar volta alguma mas...dei eu!... E foi ali, que invoquei aquela frase que refiro mais atrás, pensando... – “Vai dar uma volta... ou, vem e apanha-me se puderes, puta do fado”!...(Come...and catch me, if you can, fate´s bitch).
Como tal, para refrescar o ponto onde estávamos – no centro da cidade de Bissau – dei meia volta para a direita, subi a avenida em direcção ao Palácio, entrei na rotunda, virei á direita...na direcção da retaguarda do TORNADO que, entretanto já estava lá para baixo, na direcção da cidade.
Aí não vi nada!
Só mais tarde é que tive conhecimento que tinham danificado carros, partido montras e feito outros desacatos!
Faço uma esquerda, dirigindo-me para o NINHO... (direcção do QG) e, quando lá chego tinha lá uma 2ª prima, casada com um 2º primo também, radiotelegrafista da DGS.
Era só lágrimas a mulhere, com razão aparente, quando dizia que o “tornado!- interpretem multidão enorme de gente - tinha atacado ou ia atacar a DGS para onde o marido lhe disse que iria, levando o único filho com ele, após visita programada, ao consultório do Doutor da criança!
“Tenha calma oh prima...disse-lhe eu!...Eu vou ver o que se passa”!
Aqui, abrevio para chegar mais depressa ao “caroço” da expectativa que os camaradas esperam!
Encontro o homem – primo ainda - e filho, no consultório e, agarrei, dei-lhe as chaves do meu carro e pedi-lhe as chaves do carro dele! Troquei o meu carro pelo dele devido a que, o dele, era conhecido como pertencente a alguém da DGS. Pela cor, pela marca, e pelo historial de passar de mão em mão, de agente para agente!
Encontro o homem – primo ainda - e filho, no consultório e, agarrei, dei-lhe as chaves do meu carro e pedi-lhe as chaves do carro dele! Troquei o meu carro pelo dele devido a que, o dele, era conhecido como pertencente a alguém da DGS. Pela cor, pela marca, e pelo historial de passar de mão em mão, de agente para agente!
A ideia era e foi que...se acaso alguém viesse a atacar o carro dele, comigo lá dentro...eu colocaria a minha cabeça de fora e acenava com o a mão, para mostrar que era eu que ia no carro, tentando dizer... - “eh bó, és amim ca qui na bai’...como que dizendo “eh pá, sou eu que aqui vai”!
(O crioulo, depois de tantos anos, pode não estar correcto)
Isto... devido a que, eu era bem conhecido e de boa reputação, na expectativa que me reconheceriam e nada me acontecesse. Garantias não havia mas havia confiança! Claro, indo o meu 2º primo no meu carro, acreditei que também que não iriam atacar o meu carro!
Assim sucedeu! Procurei um esconderijo para o carro do meu primo e, dei-lhe guarida no NINHO até as “águas acalmarem e a situação aclarar”!
Através da rádio faziam comunicados a dizer que todos os agentes da DGS se deveriam apresentar na AMURA!... O meu primo não queria e mostrou-me a pistola, num gesto que indicava tudo!
Ele tinha cabelo e barba grande! A mulher, que até tinha trabalhado numa cabeleireira no Fundão, corta-lhe o cabelo e ele faz a barba. Parecia outro de aspecto mas não no nome.
Insistimos como ele e, após o convencermos, fui levá-lo á AMURA juntamente com a família. Dali levaram-nos – ele e todos os outros – para o Quartel do CUMURÈ! Hoje vive nos arredores de Lisboa, com um minimercado e café!
Mais tarde...saiu clandestinamente do Quartel do CUMURÈ – dentro de um ambulância – após eu “untar” os bolsos de um Sargento enfermeiro!
A ideia era, trazê-lo a Bissau para que fizesse exame de “instrutor de condução” para o que ele tinha andado a estudar, na espectativa de que...com essa carta, pudesse exercer essa função, ao regressar – se regressasse a Portugal!
Ambulância sai do Quartel e foi a descarregar a mercadoria – traseira com traseira – no meio dum cajual, onde eu tinha a minha carrinha Renault onde, com cestos e canastras usadas para se meterem galinhas, leitões etc. A ideia era que, ao passar como passei algumas patrulhas, se acaso me perguntassem algo, eu...depois de sorrir para eles, - como foi o caso – perguntava se tudo estava bem e, se não era um era outro, sempre havia algum que me conhecia!
Ali, pensando que devia de colaborar...oferecia-me para pagar uma sandes ou uma cerveja mas, como estava com pressa, - dizia eu para despistar - oferecia uma nota para que eles tratassem do assunto!
Claro que, se alguém perguntasse onde ia e a quê ou de onde vinha e de quê, eu mostrava-lhe as canastras atrás – o meu primo ia debaixo delas, coberto com um lençol!
Levo-o a Bissau para fazer exame conforme estava previsto!...Entra e, após dez minutos, sai todo aflito e, - “vamos, vamos porque aquele cabrão do aspirante ameaçou-me que chamava a tropa!
Em síntese, um oficial Português, não lhe quis fazer exame, após saber que ele pertencia á DGS. Zarpamos a toda a velocidade, direitinhos ao NINHO de Santa Luzia!... Ele ficou no carro e, após preparar umas sanduíches, arrancamos directos ao CUMURÈ.
O acordo com o Sargento enfermeiro, era ele estar com a Ambulância na bifurcação da estrada de Nhacra – Mansôa, virando á direita para o CUNMURÉ. Não estava!...Lá vou eu novamente, com ele debaixo das canastras etc..
Paro o carro-carrinha no meio do matagal – cajueiros na maioria – vou a pé até ao Quartel e peço para falar com o Sargento!...Após esperar uma meia hora...lá vem ele a dar explicações ao que eu respondi que já nada havia a fazer a não ser meter novamente o homem dentro do quartel, senão era o cabo dos trabalhos!...Lá se conseguiu e...uuuufe...que alívio!
....continua, brevemente
....continua, brevemente
Sem comentários:
Enviar um comentário