O JOGO DA BILHARDA, DESCRITO NUM ESTILO CÓMICO.
A descrição do jogo da “bilharda”, foi me solicitada por um amigo de infância, que não sabia o que “isso” era.Assim, a um certo ponto, faço referência ao mesmo o que, creio eu, não prejudica o “caroço” da descrição.
Assim, aí vai.
Trata-se de uma espécie de "baseball" americano mas que, efectiva-
mente, tem origens no Alcaide.
De facto (?), a “Bilharda” já existia muito antes do "baseball" existir. Só que, como em muitas outras coisas, nós Portugueses, não protegemos as "patentes" e, neste caso concreto, esta "coisa da bilharda" ter origens no Alcaide, começou a fazer "macaquinhos” na cabeça dos americanos porque…"Alcaide", tal como "Al-Queida"… significa o chefe ou o maior ou lá o que quer que signifique.
E, antes que o "Alcaide" se enriquecesse muito – como enriqueceu o “Bin-Laden" - com essa coisa da “bilharda", eles – americanos - resolveram desenvolver a coisa, transformando-a no que está transforma-
da. A "doidíce" nº 1 dos americanos - embora haja a nº 2 , a nº 3, a nº 4, a nº 10 porque...a nº 11, é quererem dominar o mundo!
Pelo que podem ver, eles até (?) nem são muito ambiciosos já que, o dominio do mundo, está em 11º lugar que – pelo andar da carruagem, deve ser o luagar onde o Sporting vai terminar o Campeonato. Mas, deixemos os americanos em paz, para ver se eles nos deixam em paz a nós também e...vamos á "bilharda".
Primeiro – trata-se de um jogo de "pobres “ e, se possível, quem o jogar deverá utilizar calças esfarrapadas devido a que, o cair, não só é certo como é absolutamente garantido!
Ora, se levar calças novas - ou já não tão novas mas ainda não esfarrapadas - já sabe que, se as esfarrapar a jogar á bilharda, quando chegar a casa poderá vir a ter "ceia” - ou almoço se não forem muito pobres como nós eramos...mas que, lá pelo facto dos meus pais serem muito pobres, lá isso de deixar ir os filhos p’ra a cama sem ceia...oh…lá isso não!. Podia não haver almoço – que era o menú do dia-a-dia – mas ceia havia sempre. Composta de quê (?)…isso agora até nem importa p’ro caso.
Mas, como dizia, se o garoto – porque isto efectivamente é um jogo de garotos - jogador da “bilharda” rasgar as calças enquanto joga, a ceia dele poderá vir a ser “sadinhas de 5 rabos” E eu até sei muito bem o que isso é porque…bem não adianta contar para agora.
Também é recomendável jogarem descalços. Claro, no meu tempo, não era preciso tal recomendação porque...bem já advinharam (?) …até á missa eu ia de pé descalço, mas com os pés lavados, esfregados com uma pedra e tudo, por uma questão de respeito e, principalmente, para que, uma "tal garota que me andava cá a moer a miolinha", não pensaasse coisas a meu respeito.
Pobre...mas muito "asseadinho"! Tão asseadinho, tão asseadinho que - eu ainda bem me lembro - nunca “fiz nada” nas cuecas!.
Primeiro, porque as não tinha e, segundo, porque eu usava "bibe" com uma racha atrás.
Mas, descrevendo o jogo!
Então, para começar, precisa-se de se arranjar 2 pedaços de um pau. Pode até ser só um, se for comprido mas, o melhor é arranjar dois.
Um, mais ou menos de palmo e meio. Outro, mais o menos de um metro e picos. O picos, é conforme altura de cada garoto. Mas deve de ser do comprimento apropriado para que, o jogador que o vai a usar, se sinta á vontade no uso dele, na missão que lhe é destinada.
O primeiro pau, que seja mais "grosso" que o outro. E o outro que seja mais "miúdo" que o primeiro. Então, com uma faca ou uma navalhas dessas que os pastores usavam, afim de "trabalhar a torga" para fazerem bugalhos para jogar ao bugalho - um dos jogos que o meu amigo de infância mencionou - afia-se o primeiro pau, bem afiado dos dois lados, ficando o mesmo com dois bicos.
Prévamente, se o segundo pau não tiver uma curvasita no lado da ponta mais grossa, deve tentar fazer-se a mesma-curva pressionando o pau contra qualquer coisa – excepto contra as minhas costas - para que vá ganhando o jeito encurvado...tipo...mas não tanto, como aquela coisa de jogar o hoquei – patins ou o outro.
Todos os jogadores, que até podem ser 20 – desde que não façam muito barulho - devem ter "pau" porque, como já disse, este jogo é só para machos.
Assim, tendo tudo pronto, procura-se uma rua onde não haja casas com janelas ou, se houver casas com janelas, que as janelas não tenham vidros inteiros.
Ao mesmo tempo, antes de começarem a jogar, devem inspeccionar a visinhança, para se certificarem se por ali não haverá algum ou alguma “coscuvilheiro/a” , no caso de…deixe-me acabar de explicar. É possível que, a maioria dos donas das casa, tenha abalado cada qual para a sua horta e que, como tal, só irão regressar á tardinha.
Mas, se por acaso, por ali ficar alguém que possa vir a dar-se conta…isto por se acaso a "bilharda" for bater no vidro de alguma janela que ainda tenha vidros inteiros, aqui entra em acção o "pé-da-pata-descalço-para-que-serves-tu-se-não-para-zarpar-a-toda-a-velocidade-antes-que-o-dono-da-casa-possa-vir-ou-antes-de-que-alguém-assome-a-cabeça-á-janela-a-ver-a-origem-do-barulho-do-vidro-partido” e vá contar ao dono da casa, cuja janela foi atingida.
Mas, assumindo-se que tudo está em ordem, há que seleccionar quem é que joga primeiro.
Aqui, claro, como isto é um jogo de garotos e, como tal, creio que ninguém vai levar a mal se eu disser o que vou dizer, atendendo a isso mesmo…quem tiver a "pilinha maior" é que joga primeiro. Portanto, todos os garotos têem que mostrar a “pilinha” uns aos outros e, por isso, e isso mesmo, é que disse antes que isto era um jogo de machos porque, Deus me a mim livre, de eu mostar a "pilinha” a uma menina! Pelo menos em público!
Não é por nada, mas por muita coisa!
Uma delas era e foi que, eu bem lembro que, o "bibe" que eu usava, tinha uma “racha” atrás, como já disse, e uma “racha” á frente também, á cautela do que quer que fosse.Vale mais prevenir do que remediar.
Então, recordo perfeitamente, que eu estava agachado a ver se apanhava um "mosca" para fazer um foguete (?) - depois explico - quando uma garota minha visisnha se aproximou de mim dizendo que sabia para o que é que "aquilo" servia!... Ora, eu ali, prestando toda a atenção á mosca, nem me apercebi bem a que é ela se estava a referir. Com isto, a puta da mosca voou e, foi então que eu me concentrei no que é que a garota tinha dito. Pergunto. "Isso o quê"?
Ela aponta com o dedo para o local onde estava dependurado um pedacinho insignificante de carne, saindo do meu bibe, pela “racha” da frente. Eu, envergonhadíssimo, lá tapei mas, por uma questão de curiosidade, uma vez que eu sabia muito bem para que é que aquilo servia, disse-lhe. "Eu também sei muito bem que serve para fazer "xixi"!...Então, o raio da garota, sai-se com esta. "Mas também serve para brincar aos meninos"!
Mas, esta coisa do "bibe" ter uma racha no lado da frente, se bem que a ideia inicial até fazia sentido - como que uma espécie de prevenção para o que acaso acontecesse - o certo é que, ainda bem me lembro que, numa outra ocasião, estando ali na mesma a ver se apanhava uma mosca - isto era um entertem quase diário - o tal pedacinho insignificante de carne, chamou a atenção de uma abelha e...záz, qual brincar aos meninos qual quê?! A puta d'abelha, espeta o ferrão mesmo na pontinha! Umas dores do "diabo" - que ainda hoje me arrepio todo ao pensar nisso - ficando aquilo - a pontinha - como um trambolho!
Eu ainda me lembro bem que, enquando "o trambolho" não abaixou, fazia "xixi" por dois lados! Para baixar o inchaço, até uma faca da cozinha foi usada - usando a folha - não para cortar o pedacinho de carne (!!!) - para colocar em cima da pontinha e, como a folha estava fria, tentar que aquilo baixasse.
Mas, voltanto á garota! Ali, apanhado-me desprevenido e, como tinha poisado outra mosca mesmo ali a jeito eu, com a minha mão direita, consegui agarra-la. Consegui agarrá-la…á mosca e não á garota!
Quando já a tinha agarrada, viva e tudo, agarro numa palhinha bem fininha e espeto-a na mosca. Pego na palhinha com a mosca na ponta, e aproximo-de do local onde, na véspera, tinhamos deitado espinhas e cabeças de sardinhas assadas (poucas, porque a minha familia era muito pobre, mas lá estavam os restos) onde voavam algumas abelhas.
Ainda hoje não sei o que é que as abelhas têem contra as moscas. Do meu lado sei, porque são chatas como um raio, principalmente quando caiam duas juntas - a fazer não sei o quê - dentro do meu prato da sopa - único sustento do dia. Se ficasse com fome, pois "repita a dose e cala as trombas pindriquelho de merda"!
Então, uma das abelhas, poisa em cima da ponta da palhinha onde estava a mosca espetada e, "aí vai um foquete de mosca-abelha" p'ro ar!... E a coisa repetia-se pelo dia a fora.
Convém aqui referir que, esta coisa do “foguete-abelha-mosca ou mosca-abelha” foi o que deu origem á ideia dos foguetões tripulados.
Mais uma, que os americanos “arrancaram” ao Alcaide. Creio até que, a raiva deles contra o “Al-Queida” já remontava a esses tempos.
Bem, voltando á “bilharda” - reparem bem que o nome disto até tem algo a ver com a “pilinha” porque, uma vez, já com um pouco mais de idade, embora ainda garotos, quando um dos mesmos – eu não porque, lá nisso, sou muito moderado, tanto na conversa como o resto - mostrou a "pilinha" dele aos outros - já disse antes que aquele que a tivesse a maior é que jogava primeiro . Então um dos outros, exclamou..."eh pá, o Tonito tem quem uma "bilharda"!!! Daí o eu dizer o que disse.
Mas, vamos ao jogo.
Selecionado o primeiro garoto, este pega no seu pau - aquele que tem a curva na ponta e não o outro - e tenta bater na "bilharda", tentando ver se lhe bate na zona-secção, de um dos bicos afiados. Desta forma, e a ideia é isso mesmo, a ver se lhe bate em cheio para que a "bilharda" gire tipo “hélice” de avião ou "spin around", como se diz em ingês - da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita, dependendo de qual ponta da "bilharda" foi atingida.
O toque não deverá ser com força de "bruto" mas sim um toque suave, de modo a que a “bilharda” seja elevada uns palmos acima do solo e, aproveitando o movimento rotativo da mesma, - isto tem a sua ciência, não pensem lá que não tem - e (mais uma vez a comparação com o "baseball" vem á baila) o jogador deve tentar dar uma cacetada bem dada na "bilharda" de modo a que esta vá parar o mais longe possível, tentando dar uma trajectória "áquilo", de modo a que siga paralelamente entre as casas da rua onde estiverem a jogar.
Doutra forma, como já disse, se partirem algum vidro, pirem-se o mais rápido possível antes que alguém venha a ver e diga ao dono da casa com a janela do vidro partido.
Agora, dois ponto a aclarar. Talvez três.
Primeiro, a descrição do jogo já está feita.
Agora, resta saber o prémio que é dado ao vencedor. Aqui, por tudo quanto sei…quando alguém ganhava, os outros mandavam-no a que fosse jogar “ao pau com os ursos”!
Se isto é que era o prémio, não sei. Ma o que sim sei é e foi que, com aquela coisa da tal garota dizer que sabia para que é que “aquilo que ela estava a ver dependurado” a sair do meu bibe, servia, confirmei o facto já mais tarde, quando trabalhava numa taberna-carvoaria, em Lisboa.
Ora, ali, alguém me deu um par de calças usadas - que eu aceitei porque eu era pobre. Mas, as mesmas eram muito largas e “á boca de sino”! Nunca gostei de tal coisa. Assim como um dos clientes da taberna era alfaiate, eu falei com ele se podia dar um jeito naquilo. Ele disse que sim e lá vou eu.
Ali, frente a ele, ele armado com a fita métrica sobre os ombros, manda-me abrir as pernas (?) – e eu ali comecei a desconfiar que o homem, se calar era “la-ri-ló.lé-la” mas, obedeci esperando o pior – só que estava praparado para lhe dar uma punhada no estômago – quando ele pergunta…- "de que lado é que tu usas a ferramenta”?
-“Ferramenta? – perguntei eu…e continuei…-“então o Sr. não sabe que eu trabalho ali taberna da esquina, e que não sou pedreiro ou carpinteiro e que, como tal, não tenho ferramenta alguma”?
Ele, olhando para mim a rir-se diz: -“Oh rapaz… a ferramenta que eu me estou a referir é aquela coisa que as meninas gostam muito para brincar aos meninos”?... "não me digas que não sabes o que isso é?
Claro, ali veio-me á ideia aquela referência da tal gorota quando ela disse o que disse a respeito daquele insignificante pedacinho de carne, a sair para fora do meu bibe!
Agora, como disse antes, falta aclarar aquela coisa dos americanos “copiarem” a ideia da “bilharda” para a transformarem no “baseball”, uitlizando um disfarce que, só um bom observador é que se dá conta.
Assim, o pau-bilharda, foi substuido por uma bola. O pau-cacete, com uma curva na ponta, foi substituido por outro pau – mais tarde passaram a ser feitos de fibra - de uma forma arredondada de aparência tal e qual como a que os leitores conhecem. Mas, voltando á carga, se o pessoal lá do Alcaide tivesse registado a “patente da ideia”, talvez os americanos tivessem que pagar bem pago pelo roubo (?) da mesma ideia. Só que seria o mesmo, porque eles, quando roubam qualquer coisa, já é com intenção de não pagarem.
Divirtam-se!
Um abraço a todos.
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